Saúde pública/Cientistas descobrem micróbio que bloqueia parasita causador da malária
Bissau, 05 mai 20 (ANG) - Um estudo publicado segunda-feira na revista
científica Nature Communications anuncia a descoberta de um micro-organismo
presente nos mosquitos do género 'Anopheles', responsáveis pela transmissão da
malária, que bloqueia o parasita causador da doença.
O micróbio foi nomeado 'Microsporidia MB' por cientistas do Centro
Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insectos (Icipe), no Quénia, e da
Universidade de Glasgow, no Reino Unido, autores da investigação, que descobriu
que os mosquitos portadores deste micróbio não abrigam o parasita 'Plasmodium',
que provoca a malária, nem na natureza nem após uma infecção experimental em
laboratório.
Além disso, o micróbio está presente
também nos ovos e larvas dos mosquitos sem as matar ou causar danos óbvios,
explicam os autores do estudo em comunicado.
Embora o 'Microsporidia MB' seja
encontrado naturalmente em níveis "relativamente baixos" nos
mosquitos transmissores da malária no Quénia, os investigadores acreditam que
"pode haver maneiras de aumentar a sua proporção" para bloquear a
transmissão da malária, tendo ficado demonstrado que esse tipo de intervenção
tem também um "potencial transformador" no controlo da dengue, uma
doença transmitida pelos mosquitos 'Aedes aegypti'.
Um outro artigo publicado na revista
Nature Ecology and Evolution dá conta de um estudo que conclui que as
possibilidades de contrair malária por picadas de mosquito aumentam nas
primeiras horas da noite, quando as pessoas estão mais expostas.
O mesmo estudo relata que o risco também
aumenta pela manhã e que estas descobertas podem ter implicações nas medidas de
prevenção de doenças, já que o uso de redes mosquiteiras tratadas com
inseticida levou a uma diminuição global na incidência de malária, mas também
modificou a hora do dia em que os mosquitos picam.
"Os mosquitos podem estar a
modificar o seu comportamento para evitar o contacto com essas redes",
disse Matthew Thomas, do Penn State Research Center.
"A chamada 'resistência
comportamental' pode ter enormes implicações para a saúde da população, porque
se mais mosquitos picarem nas primeiras horas da noite ou da manhã, a eficácia
protetcora das redes mosquiteiras será reduzida", explicou.ANG/Angop
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