Mogadíscio/Forças navais turcas vão defender as águas da Somália durante dez anos
Bissau, 22 Fev 24 (ANG) - A Somália aprovou quarta-feira um acordo de cooperação económica e defesa com a Turquia no qual se prevê o envio de forças navais turcas para defender as águas do país africano durante dez anos, anunciou o Governo somali.
"Hoje
(quarta-feira), o Governo aprovou o acordo de cooperação económica e de defesa
entre o nosso país e o Governo dos nossos irmãos da Turquia", declarou o
primeiro-ministro, Hamza Abdi Barre, na rede social X (antigo Twitter),
qualificando o pacto de histórico.
O acordo colocará
"fim ao medo do terrorismo, dos piratas, da pesca ilegal (...), dos abusos
e das ameaças do estrangeiro", afirmou o primeiro-ministro.
O parlamento somali, com
213 votos a favor, aprovou o pacto pelo qual a Turquia receberá 30% das
receitas da zona económica marinha do país e se compromete a reconstruir e
equipar a marinha somali.
As autoridades somalis
salientaram que o acordo representa um passo em frente na salvaguarda da
soberania.
"Numa ocasião
importante, o Conselho de Ministros aprovou um pacto de parceria no domínio da
defesa entre a Somália e a estimada República da Turquia, membro da NATO e
aliado próximo", declarou o Ministro da Informação, Cultura e Turismo da
Somália, Daud Aweis, nas redes sociais.
"Este pacto
histórico de 10 anos irá reforçar significativamente os esforços do Governo
para salvaguardar a sua soberania", sublinhou Aweis.
A Turquia é um
importante aliado que tem apoiado a Somália em setores como a educação, as
infra-estruturas e a saúde, além de prestar ajuda humanitária e militar.
O pacto surge num
momento em que se verifica uma escalada de tensões diplomáticas com a Etiópia.
As tensões começaram a
01 de Janeiro, quando as autoridades etíopes e a Somalilândia, uma região
somali autoproclamada independente, assinaram um memorando de entendimento para
garantir o acesso da Etiópia ao Mar Vermelho.
O pacto permitiria a
Adis Abeba obter uma base naval permanente e um serviço marítimo comercial no
Golfo de Aden através de um acordo de arrendamento de 20 quilómetros de costa
por 50 anos.
Em troca, segundo o
líder da Somalilândia, Muse Bihi Abdi, a Etiópia reconheceria
internacionalmente o território como um país independente, embora Adis Abeba
tenha afirmado que ainda não avaliou este pedido.
O Presidente da Somália,
Hassan Sheikh Mohamud, considerou o pacto ilegal e anulou-o.
A Somalilândia não é
reconhecida internacionalmente, embora tenha a sua própria constituição, moeda,
Governo e um desenvolvimento económico e estabilidade política com melhores
indicadores do que os da Somália.
A região declarou a sua
separação da Somália, uma antiga colónia italiana, em 1991, quando o ditador
somali Mohamed Siad Barré foi derrubado. ANG/Angop
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