Mali/Junta Militar suspende partidos políticos
Bissau, 11 Abr 24 (ANG) - A Junta Militar que governa o Mali anunciou ,quarta-feira,
a suspensão dos partidos e das actividades de natureza política no país.
Os militares acusam as organizações políticas de manterem “discussões
estéreis” e de “subversão”, no âmbito do diálogo nacional lançado, a 31 de
Dezembro, pelo Coronel Assimi Goïta.
O Coronel Abdoulaye Maïga, ministro da Administração Territorial
e porta-voz do Governo, explicou que a situação de segurança no terreno foi uma
das razões para a suspensão, até novo aviso, das actividades dos partidos e
associações políticas no Mali.
“As actividades dos
partidos políticos e as actividades de natureza política das associações em
todo o território nacional estão suspensas até novo aviso, por razões de ordem
pública”, pode ler-se no decreto.
O Coronel Maïga justificou ainda a suspensão dos partidos invocando
o “diálogo” nacional iniciado a 31 de Dezembro pelo Coronel Goïta. O lançamento
deste “diálogo”, assim como o desrespeito do prazo de 26 de Março, deu origem a
“discussões estéreis” e a “hipóteses que não têm razão de ser”, acrescentou o
militar de alta patente.
“Não podemos levar
a cabo um diálogo tão crucial em plena cacofonia e confusão”, insistiu.
Esta decisão surge numa altura em que os militares permaneceram
na liderança do país, ultrapassado a data de 26 de Março na qual se
comprometeram- se sob pressão da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO)- a ceder o poder aos civis eleitos. A Junta Militar tinha
ainda prometido organizar eleições presidenciais em Fevereiro de 2024, o que
não veio a acontecer.
Trata-se de uma nova restrição a qualquer expressão de oposição
ou dissidência por parte dos coronéis que chegaram ao poder pela força em
Agosto de 2020, derrubando o Presidente eleito Ibrahim Boubacar Keïta.
Um colectivo de organizações de direitos humanos afirmou,
recentemente, que o que o Mali vive “num impasse” e
que era altura de os militares “regressarem aos quartéis” e “deixarem
outros cidadãos eleitos gerirem os assuntos públicos do país”.
Em resposta, o coronel Maïga reiterou que o país “não está de forma alguma num vazio jurídico, a transição continua”.
Desde a chegada ao poder, consolidada por um golpe de Estado em
Maio de 2021, a Junta Militar rompeu a antiga aliança com a França e os
parceiros europeus, voltando-se militar e politicamente para a Rússia. ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário