Suécia/Cidadãos globais são cépticos sobre eleições livres e
justas
Bissau, 11 Abr 24(ANG) – Os eleitores a nível global reve lam cada vez mais dúvidas sobre se as eleições são livres e justas, revela um estudo do Instituto Internacional de Democracia e Apoio Eleitoral (IDEA) hoje divulgado.
O estudo – que auscultou eleitores em 19 países, incluindo três das maiores democracias mundiais (Brasil, Índia e Estados Unidos), que representam cerca de um terço da população mundial – mostra que menos de metade das pessoas estão satisfeitas com os seus governos e que são cada vez mais os que consideram que esses governos foram eleitos de forma transparente.Em 11 dos 19 países,
menos de metade dos inquiridos afirma que as mais recentes eleições foram
livres e justas, ao mesmo tempo que os eleitores se mostram cada vez mais
céticos sobre a saúde das suas democracias.
Em oito dos 19 países, a
maioria dos inquiridos mostra-se favorável à emergência de um líder forte, que
seja capaz de contornar as dificuldades do escrutínio dos parlamentos.
Em declarações à agência
Lusa, Seema Sha, chefe do departamento de pesquisa do IDEA, lembrou que esta
tendência de descrença na transparência eleitoral começou já há alguns anos,
com os eleitores a aumentarem o seu ceticismo sobre o resultado das consultas
populares.
Esta investigadora-chefe
do IDEA aponta duas grandes razões para este fenómeno: o aumento do
financiamento das campanhas eleitorais e a cobertura mediática das eleições,
com frequentes queixas de falta de imparcialidade.
“Mas há um outro fator
importante: o facto de cada vez mais os líderes recorrerem à desinformação para
falar das eleições, lançando na opinião pública a dúvida fundada sobre a
transparência dos processos”, disse Sha, mostrando-se preocupada com esta
tendência para a saúde das democracias.
Também o
secretário-geral da IDEA, Kevin Casas-Zamora, salienta que os resultados deste
estudo são “um alerta para as democracias”.
“As democracias devem
responder ao ceticismo do seu público, tanto melhorando a governação como
combatendo a cultura crescente de desinformação que tem fomentado falsas
acusações contra eleições credíveis”, defende Casas-Zamora.
O estudo mostra ainda
que a perceção dos eleitores norte-americanos sobre a transparência na escolha
dos governantes está em valores mínimos recorde, em linha com o discurso do
ex-presidente Republicano Donald Trump, que se queixa de ter sido vítima de
fraude, na derrota nas eleições presidenciais de 2020, contra o Democrata Joe
Biden.
Em declarações à Lusa,
Seema Sha recordou que Trump já retomou esse mesmo discurso para as eleições de
novembro próximo, onde reeditará o confronto com Biden, e que tudo indica que o
ambiente de suspeição possa ser ainda mais amplificado.
“Temos uma boa notícia:
desta vez, as pessoas já estarão mais bem informadas sobre a falta de
fundamento nas alegações de Trump a respeito da fraude eleitoral”, reconheceu a
investigadora, que destacou a importância da literacia democrática para
combater os discursos extremados e radicais que diminuem a confiança nas
instituições políticas. ANG/Inforpress/Lusa
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