Coreia do Sul/Partido governista se opõe a pedido de impeachment contra o
presidente Yoon Suk Yeol
Bissau, 05 Dez 24 (ANG) - O
partido que governa a Coreia do Sul anunciou nesta quinta-feira (5) sua
oposição ao processo de impeachment contra o presidente Yoon Suk Yeol, após a
breve imposição de uma lei marcial.
A medida, inédita
desde a democratização do país em 1987, durou apenas algumas horas até o voto
contrário do Parlamento, mas provocou uma crise política que ameaça o futuro do
presidente conservador.
Yoon também é alvo de
uma investigação policial após uma denúncia apresentada pela oposição por
"insurreição". O crime não é levado em conta na imunidade
presidencial e pode ser punido com a prisão perpétua ou pena de morte.
A manobra de Yoon
surpreendeu os aliados de Seul e gerou indignação entre a população e os
políticos da oposição, que rapidamente apresentaram uma moção de destituição e
o acusaram de "violar a Constituição e a lei".
A votação do Impechment está prevista para sábado às 19h locais (7h de
Brasília).
A oposição tem a
maioria no Parlamento e precisa do apoio de pelo menos oito deputados do
Partido do Poder Popular (PPP, legenda do presidente) para alcançar os dois
terços necessários para a aprovação da iniciativa.
O líder da bancada
parlamentar do PPP, Choo Kyung-ho, afirmou que vai trabalhar para "evitar
a aprovação da moção de destituição. Ele acrescentou que isso não significa
"defender a lei marcial inconstitucional do presidente”.
"Todos os 108
deputados do Partido do Poder Popular permanecerão unidos para rejeitar a
destituição do presidente", completou o líder parlamentar do PPP.
Se a iniciativa for
aprovada, o presidente será suspenso e substituído pelo primeiro-ministro
enquanto a Corte Constitucional analisa o caso para emitir um veredito no prazo
de 180 dias. Caso o tribunal confirme a destituição, novas eleições
presidenciais serão convocadas em até 60 dias.
Desde sua chegada ao
poder em 2022, o ex-promotor de Justiça enfrentou várias crises que afetaram
sua popularidade.
Na noite de
terça-feira, após semanas de discussão em torno do orçamento, o presidente
impôs a lei marcial alegando ameaças das "forças comunistas da Coreia do
Norte" e de "elementos antinacionais" dentro do país.
A ordem civil
foi suspensa por algumas horas. Um decreto do comandante das Forças Armadas
proibiu atividades e partidos políticos, "a falsa propaganda", as
greves e as "aglomerações que incitam a agitação social".
As forças de
segurança blindaram a Assembleia Nacional, helicópteros militares pousaram no
teto do Parlamento e quase 300 soldados tentaram isolar o local, onde os
deputados da oposição conseguiram entrar depois de enfrentar as forças de
segurança.
Os opositores votaram contra a lei, o que em tese obrigava
constitucionalmente Yon a revogar a lei marcial.
Para alívio de
aliados internacionais, como os Estados Unidos, que expressaram preocupação com
a situação, Yoon fez um discurso em cadeia nacional durante a madrugada para
anunciar a saída das tropas e a suspensão da lei marcial.
Desde então, o
presidente não faz aparições públicas. Nas ruas, vários protestos exigem sua
renúncia ou prisão. Seu gabinete informou que Yoon não fará nenhum
pronunciamento durante o dia. Até o momento, o escândalo custou o cargo do
ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, que teve o pedido de demissão aceito pelo
presidente.
A denúncia contra
Yoon apresentada pelo Partido Democrata, o principal da oposição, também afeta
alguns de seus ministros, além de comandantes militares e da polícia.
"Este é um crime imperdoável, que não pode, não deve e não será
perdoado", disse o parlamentar Kim Seung-won.
Após horas de
confusão e preocupação, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos,
Jake Sullivan, elogiou a "sólida e resistente" democracia sul-coreana
e lembrou "a importância de sua manutenção".
Os Estados Unidos
mantêm 28.500 soldados neste país, um aliado importante de Washington na Ásia
desde a guerra (1950-1953) que dividiu a península coreana entre um Norte
comunista e um Sul capitalista.
Tecnicamente, as duas Coreias permanecem em guerra desde o conflito da década de 1950, que terminou com um armistício, e não com um tratado de paz. As relações tensas entre Seul e Pyongyang pioraram significativamente durante o mandato de Yoon.ANG/RFI/AFP
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