Bissau, 20 Mai 14
(ANG) - A Guiné-Bissau e Angola estão entre os dez países mais perigosos para
se nascer, com taxas de mortalidade neo-natal superiores a 45 recém-nascidos
por cada mil nascimentos, revela um estudo publicado esta terça-feira pela
revista The Lancet.
Com 45,7
recém-nascidos mortos em cada mil nascimentos em 2012, a Guiné-Bissau é o
terceiro país mais perigoso para se nascer, seguido de Angola, com uma taxa de
mortalidade neo-natal de 45,4.
A diferença entre os
dois países está nos progressos alcançados, já que a Guiné-Bissau reduziu a sua
taxa de mortalidade neo-natal em 22% entre 1990 e 2012, enquanto em Angola a
taxa apenas caiu 12% no mesmo período.
Há a acrescentar que
29,6 em cada mil partos na Guiné-Bissau foram de nados-mortos, enquanto em
Angola a taxa de nados-mortos é de 23,9 em cada mil.
Moçambique é outro
país lusófono entre os 30 piores de 162 países classificados, com uma taxa de
mortalidade neonatal de 30,2 por cada mil nascimentos e uma taxa de
nados-mortos de 28,1. Ainda assim, o país reduziu a sua taxa de mortalidade
neonatal em 44% entre 1990 e 2012.
Timor-Leste surge na
117.ª posição dos 162 países analisados, com 24,4 em cada mil bebés a morrerem
antes de completarem quatro semanas de vida e 13,2 em cada mil a nascerem sem
vida.
Segue-se São Tomé e
Príncipe, que tem uma taxa de mortalidade neonatal de 19,9 em cada mil
nascimentos e onde 21,9 em cada mil nascimentos resulta num nado-morto.
Com uma taxa de
mortalidade neonatal de 10 e 14,5 nados mortos em cada mil nascimentos, Cabo
Verde é o país africano lusófono com melhores resultados, embora, tal como São
Tomé e Príncipe, não surja classificado no ranking global.
Cabo Verde é também o
país lusófono africano com maiores progressos, já que a taxa de mortalidade
neonatal caiu 53% entre 1990 e 2012.
Finalmente, o Brasil
tem uma taxa de mortalidade neonatal de 9,2, taxa que registou uma queda de 68%
desde 1990.
A tabela dos países
mais arriscados para recém-nascidos é liderada pela Serra Leoa, com 49,5 bebés
em cada mil a morrerem antes dos 28 dias. Nos nove países que se seguem há oito
africanos -- Somália, Guiné-Bissau, Angola, Lesoto, República Democrática do
Congo, Mali República Centro Africana e Costa do Marfim - e o Paquistão.
Numa série especial
sobre a mortalidade neo-natal, que reúne o contributo de 54 especialistas de 28
instituições em 17 países, a revista científica diz apresentar o quadro mais
claro de sempre sobre as hipóteses de sobrevivência de um recém-nascido e os
passos que devem ser tomados para reduzir as mortes de bebés.
No estudo, os
investigadores lamentam também que muitos dos bebés que morrem até às 28
semanas não chegam a ser registados, o que reflecte "a aceitação do mundo
de que estas mortes são inevitáveis".
"Este fatalismo,
falta de atenção e falta de investimento são os motivos por detrás do lento
progresso na redução da mortalidade neonatal e de um progresso ainda mais lento
na redução dos nados mortos. Na realidade, estas mortes são quase todas
evitáveis", diz a coordenadora da investigação, Joy Lawn, da Escola de
Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Segundo os dados
divulgados, a Guiné-Bissau está entre os dez países onde é menos provável que
uma criança esteja registada ao chegar ao primeiro aniversário. Com efeito,
apenas 14% dos bebés guineenses são registados antes de completarem um ano de
idade.
Em Angola, a
percentagem de bebés com menos de um ano registados é de 21%, enquanto em
Moçambique é de 29%.
LUSA
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