Bissau,
13 Dez 16 (ANG) - O Ministério Público da Bolívia acusou formalmente de
incumprimento de deveres e outros delitos a técnica de aeronáutica Celia
Castedo, que questionou o plano de voo do avião que se despenhou na Colômbia a
28 de novembro.
Morreram 71 pessoas na queda do
avião da empresa boliviana Lamia, que transportava jogadores e técnicos da
equipa brasileira de futebol Chapecoense
e jornalistas, além dos tripulantes.
A acusação de Celia Castedo foi
formalizada pelo procurador Gomer Padilla, que disse que a funcionária da
Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia
tem agora de se apresentar às autoridades para prestar declarações, no âmbito
das investigações ao acidente.
Celia Castedo saiu da Bolívia na
segunda-feira e está no Brasil e, segundo o procurador, se não se apresentar às
autoridades será emitido um pedido de
extradição.
Foi esta técnica de aeronáutica
que questionou o plano de voo do avião
da Lamia, por causa do tempo previsto para a viagem entre a cidade de
Santa Cruz, na Bolívia, e Medellin, na Colômbia, ser igual ao tempo de
autonomia que teria o avião com o combustível que levava.
Numa carta divulgada por meios de
comunicação social na quinta-feira, Castedo assegurou que depois do acidente
foi alvo de pressões dos seus superiores para mudar o conteúdo do relatório que
fez com as observações ao plano de voo.
No relatório, a técnica fez cinco
observações e reportou-as por três vezes à companhia aérea, a primeira das
quais duas horas antes da descolagem e a última 20 minutos antes.
Na carta, Castedo reitera que chamou a atenção para a autonomia do avião,
que caiu pouco antes de chegar a Medellin, supostamente, segundo as primeiras
investigações, por falta de combustível.
A técnica também afirma que
avisou a companhia aérea dos problemas do plano de voo porque era a empresa que
tinha a responsabilidade de os corrigir, mas não esclarece se também informou
os seus superiores.
As autoridades da Bolívia
disseram que Castedo apresentou o relatório depois do acidente, quando a sua
obrigação era informar sobre as suas objeções e recusar o plano de voo.
A Administração de Aeroportos e
Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia suspendeu a funcionária a 30
de novembro e denunciou-a ao Ministério Público, alegando que não informou os
seus superiores sobre as observações que fez à Lamia sobre o voo.
Na missiva divulgada esta semana,
a funcionária da AASANA sustenta que a
autorização para a realização do voo não lhe competia, nem ao organismo
a que pertence, mas sim à Direção Geral de Aeronáutica Civil.
“A minha assinatura e carimbo no
plano de voo não representam uma aceitação do documento nem uma autorização a
uma aeronave para a realização de um voo”, escreveu.
O futebolista Hélio Neto,
um dos sobreviventes do acidente aéreo que a 28 de novembro vitimou quase toda
a equipa da Chapecoense, teve uma melhoria da sua condição pulmonar e deixou de
necessitar de ventilação mecânica.
De acordo com o diretor médico do
Hospital San Vicente Fundación de Rionegro, Ferney Rodríguez, o defesa continua
na Unidade de Cuidados Intensivos e continua a ter um acompanhamento apertado,
até porque as primeiras horas após ser retirada a sedação e a respiração
mecânico podem ser críticas.
“Desde quinta-feira despertou e
foram-lhe retirado os medicamentos que o mantinham sedado. Foi possível também
retirar-lhe a ventilação mecânica e [Neto] está a respirar sozinho”, disse o
responsável.
Segundo Ferney Rodríguez, o
futebolista, que apenas foi encontrado oito horas após o acidente, está a
conversar com a sua família e com os médicos.
Também o guarda-redes Jackson Follmann está a ter uma
evolução satisfatória, está tranquilo e consciente da segunda amputação de
parte da perna direita a que foi submetido na quarta-feira.
Sobre Alan Ruschel, o jogador sobrevivente com ferimentos menos graves,
o diretor médico afirmou que a evolução “continua a ser boa”, mas não quis
ainda adiantar uma data para o regresso ao Brasil.
A 28 de novembro, o avião da
companhia boliviana Lamia caiu perto de Medellín, na Colômbia, onde a
Chapecoense ia defrontar o Atlético Nacional, na primeira mão da final da Taça
Sul-Americana.
O acidente causou a morte a 71
das 77 pessoas que seguiam a bordo, incluindo a maioria dos jogadores da
Chapecoense, dirigentes e jornalistas que acompanhavam a equipa brasileira.
ANG/ZAP / Lusa
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