Lançada quinzena de promoção dos direitos humanos na Guiné-Bissau
Bissau,02 Dez 16 (ANG) - As organizações da sociedade civil da Guiné-Bissau
lançaram quinta-feira uma quinzena dos direitos humanos, no momento em que
acusam as autoridades de proibirem manifestações dos cidadãos.
Miguel de Barros |
Miguel de Barros, dirigente da associação Tiniguena, membro do consórcio
das organizações que lutam pela promoção dos direitos humanos na Guiné-Bissau,
disse à Lusa ser importante alertar e mobilizar a sociedade sobre o nível do
desrespeito dos direitos dos cidadãos consagrados na Constituição.
Barros citou o facto de atualmente os cidadãos serem impedidos de se
manifestarem contra a classe política por ordens do Governo, sem que tenha sido
declarado o estado de sítio ou de emergência no país.
“Estamos a vivenciar aquilo que é a morte lenta do cidadão guineense porque
naquilo que é o básico não tem havido respostas conducentes e eficazes do
Estado”, em garantir o direito à vida, declarou Miguel Barros, em nome de mais
de duas dezenas de organizações que operam na promoção dos direitos humanos na
Guiné-Bissau - e que estão associadas à programação da quinzena.
Em representação do governo demissionário, o ministro da Justiça, Olundo
Mendes, disse compreender o papel das organizações que atuam no campo dos
direitos humanos e prontificou-se em “estar na linha da frente” na defesa dos
direitos e liberdades dos cidadãos.
Miguel de Barros agradece a disponibilidade do governante, mas reforçou que
“mais do que as vontades individuais” dos responsáveis políticos, todos os
cidadãos “devem ter uma ação cívica” em prol da promoção dos direitos humanos e
desta forma levar o Estado a assumir a sua responsabilidade.
A cooperação portuguesa é uma das organizações associadas à quinzena dos
direitos humanos na Guiné-Bissau.
Fábio Sousa, representante do Camões-Instituto da Cooperação e da Língua,
em Bissau, considerou que vai “permitir
a visibilidade” do trabalho que tem sido feito pelos cidadãos em prol dos seus
direitos.
Há três anos que a cooperação portuguesa tem vindo a juntar-se à iniciativa
uma vez que a promoção dos direitos humanos reflete-se na visão estabelecida no
Plano Estratégico de Cooperação, assinado em 2015, entre os governos de Lisboa
e Bissau, indicou Fábio Sousa.
Durante os próximos quinze dias, várias iniciativas de promoção e
divulgação dos direitos humanos serão levadas a cabo em Bissau, na Casa dos
Direitos, Centro Cultural Português, passando por outros locais e também na
emissão das estações de rádio.
ANG/Lusa
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