Guterres critica “visão parcial” sobre o continente
africano
Bissau, 02 Fev 17 (ANG) - O Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, deixou a 28ª Cimeira da
União Africana com um forte apelo para a mudança na forma como o continente
berço da humanidade é caracterizado pela comunidade internacional e com a
promessa de o apoiar na construção do desenvolvimento e da paz sustentáveis.
Ao falar a jornalistas à margem da cimeira que
juntou em Addis Abeba dezenas de líderes do continente africano, antes de
deixar a capital Etíope, António Guterres defendeu que África deve ser
reconhecida pelo potencial de desenvolvimento, economia e governação.
António Guterres lamentou a forma como África é
descrita na Europa, Américas e Ásia, denunciou o que chamou de “uma visão
parcial de África”, disse ser preciso mudar a narrativa sobre o continente na
comunidade internacional e que este deve ser reconhecido “pelo seu enorme
potencial.”
O Secretário-Geral das Nações Unidas recordou que
África teve o maior crescimento económico do mundo nos últimos 10 anos e
“histórias de sucesso extraordinárias do ponto de vista do desenvolvimento
económico e de governação.”
Uma dessas histórias, prosseguiu, ocorreu há dias
com a reacção “exemplar” da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental
(CEDEAO) na Gâmbia, que demonstrou “a capacidade de os países africanos se
unirem e resolverem os problemas no continente.”
António Guterres lembrou que “o apoio da União
Africana e das Nações Unidas ajudou a resolver a crise pós-eleitoral” e disse
esperar que esse exemplo “seja seguido noutras partes do mundo.”
O Secretário-Geral da ONU elogiou a União Africana
pelo “trabalho muito importante em nome do continente”, manifestou “disposição
total da ONU em apoiar plenamente as suas actividades” e destacou “o
entendimento integral” entre a ONU, a União Africana e a Autoridade
Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad) sobre a necessidade de se
trabalhar “numa só voz” para pacificar o Sudão do Sul.
António Guterres passou das promessas à prática ao liberar, na segunda-feira,
100 milhões de dólares da verba do Fundo Central de Resposta de Emergência para
mais de nove países, oito dos quais Estados africanos.
O Secretário-Geral da ONU disponibilizou o dinheiro para operações humanitárias
em nove países com o que considera “crises negligenciadas”, ajudando deste modo
mais de 6 milhões de pessoas nos Camarões, na Coreia do Norte, na Líbia, no
Madagáscar, no Mali, no Níger, na Nigéria, na Somália e no Uganda.
Ao justificar a medida, António Guterres disse que
o financiamento é crucial para que agências da ONU e parceiros continuem a
apoiar “pessoas que precisam de ajuda tão desesperadamente.”
Boa parte dos 100 milhões de dólares vão para pessoas deslocadas e o
financiamento vai ajudar a garantir cuidados de saúde, abrigo e alimentos
para milhões de pessoas que escapam da violência do Boko Haram na Nigéria, no
Níger e nos Camarões, explicou.
No Madagáscar, no Mali e na Coreia do Norte, o apoio da ONU segue para os civis
que sofrem de desnutrição e com a insegurança alimentar, acrescentou.
ANG/JA
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