FAO alerta sobre risco de fome no mundo
Bissau, 06 Mar 17 (ANG) - O director da divisão de
emergência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(FAO), Dominique Burgeon, disse que o número de pessoas a enfrentar guerras e
fome severa no Mundo ultrapassou os 100 milhões e vai “triplicar se a ajuda
humanitária não for acompanhada de mais apoio para os agricultores".
Dominique Burgeon referiu que estudos recentes
mostraram que no ano passado 102 milhões de pessoas enfrentavam desnutrição
aguda, o que significa que elas estão à beira da fome, num aumento de quase 30
por cento em relação aos 80 milhões de 2015.
O aumento deu-se principalmente por causa do aprofundamento das crises no
Iémen, no Sudão do Sul, na Nigéria e na Somália, onde conflitos armados e
longos períodos de seca têm atingido a criação e a produção de alimentos.
“A ajuda humanitária tem mantido até agora muitas pessoas vivas, mas a situação
da segurança alimentar das mesmas continua a deteriorar-se”, disse Dominique
Burgeon à Thomson Reuters Foundation.
Investimentos são necessários para ajudar as pessoas a alimentarem-se e
cultivarem plantações e cuidarem dos seus rebanhos. “Nós vamos com aviões, nós
proporcionamos ajuda alimentar e conseguimos mantê-los vivos, mas não
investimos o suficiente no sustento dessas pessoas”, declarou.
O director da divisão de emergência da FAO sublinhou que a organização consegue
evitar, em muitos casos, que as pessoas entrem numa situação de fome, mas “não
somos bons em retirá-los do penhasco, para longe da insegurança alimentar”.
A
ONU informou no mês passado que mais de 20 milhões de pessoas, mais do que a
população da Roménia ou da Florida, nos Estados Unidos da América (EUA), correm
o risco de morrer de fome dentro de seis semanas em quatro situações de crise.
Guerras no Iémen, no nordeste da Nigéria e no Sudão do Sul acabam com lares e
fazem os preços subir, enquanto que uma seca no leste africano tem arruinado a
economia agrícola.
As Nações Unidas esperam que a comunidade internacional e os
governos percebam a urgência dessas pessoas e ajam rapidamente para evitar um
verdadeiro desastre nessas regiões.
“Temos que perceber que se trata de
pessoas, na sua maioria inocentes de tudo o que está a passar à sua volta, que
de repente viram os seus lares e haveres desbaratados, e ficaram sem condições
para reagir perante a insegurança”, referiu uma alta autoridade da ONU.
Na
Nigéria, Sudão do Sul e Somália a situação chegou a um ponto em que, ou se age
e se salvam vidas, ou o Mundo vai registar mortes de crianças, mulheres e
velhos em proporções só comparadas a bombardeamentos na Síria e na Líbia,
enfatizou a mesma fonte.
O director da divisão de emergência da FAO, Dominique Burgeon, explicou que
todos estão implicados na situação e podem ser responsabilizados pelo que
acontecer com essas pessoas. “O Mundo tem de agir.
Não podemos ficar parados à
espera que as coisas aconteçam, temos que ser nós a fazer acontecer”, afirmou o
director da divisão Dominique Burgeon.
ANG/JA
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