Artistas e intelectuais pedem candidatura de Lula da Silva
Bissau, 13 Mar 17
(ANG) - Um manifesto de 400 artistas e intelectuais brasileiros a pedir a
candidatura de Lula da Silva à presidência marcou o início oficioso da corrida
eleitoral do ex-Presidente ao Palácio do Planalto.
“Para o povo
brasileiro recuperar o orgulho, a dignidade e a autonomia que perdeu”, actores
como Dira Paes e Marieta Severo, músicos como Martinho da Vila e Beth Carvalho
e escritores como Fernando Morais, Leonardo Boff e Fábio Comparato assinaram o
documento. E, claro, Chico Buarque, um apoiante de primeira hora do Partido dos
Trabalhadores (PT) e de Lula da Silva. Caetano Veloso e Gilberto Gil, seus
contemporâneos e parceiros musicais, preferem outras opções.
O discurso oficial do candidato, que fará 73 anos no mês das eleições, Outubro
de 2018, e já liderou o país de 2002 a 2010, será em Monteiro, o pequeno
município onde todos os caminhos políticos do Brasil vão desaguar.
Lá, o presidente em exercício Michel Temer inaugurou recentemente a
Transposição do Rio São Francisco, que vai pôr fim a séculos de seca no
Nordeste. O pré-candidato presidencial Geraldo Alckmin planeia ir na semana que
vem recordar que foi ele, enquanto governador de São Paulo, quem emprestou
tecnologia essencial à conclusão da obra.
E Lula, o Chefe de Estado em cuja
gestão se iniciou o processo, falará aos monteirenses, e por extensão a todos
os brasileiros, como concorrente às eleições, pela primeira vez, no fim do mês.
O primeiro passo de Lula para assumir a candidatura foi aceitar ser presidente
do PT, depois de concluir que só ele pode unir um partido desmoralizado pelo
“impeachment” de Dilma Rousseff, dizimado nas eleições municipais e dividido em
correntes.
“As correntes do partido, as principais lideranças, o próprio Rui Falcão,
actual presidente do PT, e os amigos conseguiram convencê-lo de que ele tem de
ser o próximo comandante, o que será referendado em congresso em Junho”,
revelou o Brasil 247, jornal digital ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Para tal, diz ainda o jornal citando fontes próximas de Lula, contribuiu a
morte em Fevereiro de Marisa Letícia, sua mulher. Disse o ex-Presidente a
amigos que sente saudades “de entrar em casa e, mesmo brigando com ela, saber
que ela estava lá”, por isso, “decidiu, por um lado, mudar de casa e, por
outro, colocar o pé na estrada”, começando pela tal visita a Monteiro, na
Paraíba.
Com a economia na boca do povo, o antigo Presidente tem-se reunido com
especialistas da área para a elaboração do que chamará uma “nova plataforma”
que visa apresentar soluções para o futuro sem esquecer de atacar o presente,
leia-se o governo Temer, e lembrar o seu passado no Planalto. Por isso, o tema
da Transposição do Rio São Francisco é visto como oportunidade de ouro.
Na política, escreve a colunista da Globo News Cristiana Lôbo, a ideia é
enterrar de vez o discurso do “golpe”, que, segundo Lula, “já se esgotou”, e
capitalizar as sondagens - nas últimas, de finais de Janeiro, o ex-sindicalista
liderava todos os cenários de primeira e segunda voltas à frente de Marina
Silva e Ciro Gomes, da área da esquerda, de Aécio Neves e de Geraldo Alckmin,
do centro-direita, e de Jair Bolsonaro, um adepto da ditadura militar. Criar
candidaturas fortes à Câmara dos Deputados, cuja importância na vida política
nacional ficou evidente na queda de Dilma Rousseff, e dividir com uma direcção
experiente a tarefa de fazer alianças regionais no emaranhado puzzle eleitoral
brasileiro são as outras prioridades.
ANG/JA
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