Limitada contratação de estrangeiros
Bissau, 13 Mar 17 (ANG) - As empresas angolanas só
vão poder contratar trabalhadores estrangeiros não residentes por 36 meses e os
pagamentos devem ser feitos exclusivamente em moeda nacional, estabelece um
decreto presidencial de 6 de Março.
O documento, que
define o exercício da actividade profissional do trabalhador estrangeiro não
residente, visa “regulamentar” esta actividade, “de modo a permitir um
tratamento mais equilibrado” entre nacionais e expatriados.
Sobre trabalhador estrangeiro não residente entende-se um cidadão de outra
nacionalidade, que “não residindo em Angola, possua qualificação profissional,
técnica ou científica, em que o país não seja auto-suficiente, contratado em
país estrangeiro para exercer a sua actividade profissional em território
nacional por tempo determinado”.
Desde logo fica definido que o contrato de trabalho, ao abrigo deste regime, só
pode ser “sucessivamente renovado até ao limite de 36 meses” e que as empresas
abrangidas só devem contratar “até 30 por cento de mão-de-obra estrangeira não
residente”.
Os restantes 70 por cento das vagas devem ser preenchidas “por força de
trabalho nacional”, referindo-se este último a cidadãos angolanos e
estrangeiros com estatuto de residente.
“A remuneração é paga em kwanzas, não devendo os complementos e demais
prestações pagas directa ou indirectamente em dinheiro ou espécie, ser superior
a 50 por cento sobre o salário base”, lê-se no documento, que assim limita a
forma de pagamento a estes trabalhadores, nomeadamente o acesso a moeda
estrangeira.
Eles continuam a não ser abrangidos pelo pagamento de impostos,
mas a nova lei define, por outro lado, que caberá ao Banco Nacional de Angola
definir os montantes e tectos máximos das transferências (para o exterior) de
salários para fora do país (em divisas), decorrente do contrato de trabalho.
As empresas detectadas em situação de incumprimento, define ainda o decreto
assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, incorrem no pagamento de
multas até 10 vezes o valor do salário médio praticado.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica,
decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo, com
consequências também ao nível cambial, nomeadamente a escassez de divisas.
ANG/JA
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