Brasil/Lula da Silva absolvido em caso sobre alegados favorecimentos ao sector automóvel
Bissau, 22 Jun 21(ANG) – A justiça brasileira absolveu
o ex-presidente do Brasil Lula da Silva, o ex-ministro Gilberto Carvalho e
outros cinco acusados numa das acções da operação Zelotes, que investigava
alegados favorecimentos a empresas do sector automóvel.
“Embora existam
elementos que demonstrem a actuação por parte da empresa de Mauro Marcondes, no
que se refere à prorrogação de benefícios fiscais às empresas Caoa e MMC, não
há evidências apropriadas e nem sequer minimamente aptas a demonstrar a
existência de ajuste ilícito entre os réus para fins de repasse de valores em
favor de Lula e Gilberto Carvalho”, concluiu o juiz Frederico Viana, da 10.ª
Vara Criminal da Justiça Federal em Brasília.
A acusação contra Lula
teve origem na operação Zelotes e foi feita pelo Ministério Público Federal
(MPF) em 2017.
Segundo a acusação, a
empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos, que representava a Caoa (Hyundai)
e MMC (Mitsubishi do Brasil), teria oferecido seis milhões de reais (1 milhão
de euros, no câmbio actual) a Lula e a Carvalho em troca da edição de uma
medida provisória que prorrogou incentivos fiscais a empresas de produção
automóvel instaladas nas regiões norte, nordeste e centro-oeste do país.
Nesse âmbito, foram
acusados de corrupção Lula da Silva, o ex-ministro e o seu ex-chefe de gabinete
Gilberto Carvalho, o ex-conselheiro do conselho administrativo da Receita
Federal José Ricardo da Silva, o lobista Alexandre Paes dos Santos, o
ex-presidente da MMC – Mitsubishi Paulo Arantes Ferraz, o empresário Mauro
Marcondes Machado e o empresário do Grupo Caoa Carlos Alberto Andrade.
O juiz atendeu assim ao
pedido do MPF, que, nas alegações finais apresentadas no mês passado, concluiu
não haver provas e pediu a absolvição do ex-presidente e dos demais acusados no
caso.
“Ante o exposto, julgo
improcedentes os pedidos formulados na peça acusatória e absolvo os acusados
dos crimes a eles imputados nos autos desta acção penal”, decidiu o juiz
Frederico Viana.
Lula da Silva está ainda
a acusado numa outra acção da operação Zelotes, que investiga se ocorreram
irregularidades na compra de caças suecos durante o Governo de Dilma Rousseff.
Neste processo, o
ex-chefe de Estado brasileiro e o seu filho Luís Cláudio Lula da Silva são
acusados de integrar um esquema de tráfico de influências para viabilizar a
compra de 36 caças suecos do modelo Gripen e de influenciar a decisão de
prorrogar incentivos fiscais a pedido de empresas.
Lula da Silva recuperou
os seus direitos políticos este ano, após o Supremo Tribunal Federal anular as
suas condenações no âmbito da operação Lava Jato, em Curitiba.
Desta forma, ficaram sem
efeito as penas acumuladas de 26 anos que pesavam sobre o antigo presidente,
por condenações por corrupção, que já admitiu a possibilidade de concorrer às
presidenciais de 2022.
Lula da Silva, de 75
anos, não conseguiu concorrer às eleições de 2018 precisamente porque já estava
condenado na ocasião. O antigo chefe de Estado chegou a passar um ano e sete
meses na prisão, até ser libertado em Novembro de 2019.
Apesar de as condenações
de Lula da Silva terem sido anuladas e de voltar a estar elegível, isso não
significa que o ex-sindicalista metalúrgico tenha sido inocentado já que os
casos serão remetidos para a justiça do Distrito Federal, que os vai reavaliar
e pode receber novamente as denúncias e reiniciar os processos anulados. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário