ONU/Número de refugiados e deslocados internos
regista novo recorde de 82,4 milhões
Bissau, 18 Jun 21 (ANG) - Apesar da pandemia, o número de refugiados e deslocados internos no mundo continuou a crescer em 2020, atingindo um novo recorde de 82,4 milhões, de acordo com dados divulgados hoje pela ONU, noticiou a Lusa.
Este é o 9.º ano
consecutivo em que se regista um aumento, que faz com que hoje se verifique
mais do dobro do número de pessoas deslocadas à força que há uma década, quando
o número era inferior a 40 milhões.
Um relatório anual
da agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), divulgado na véspera
do Dia Mundial do Refugiado, indica que ao longo de 2020, o número de
refugiados e deslocados internos cresceu 4% em relação aos 79,5 milhões no
final de 2019.
"Penso que isto
é muito significativo, porque estamos a falar de 2020. Estamos a falar do ano
da covid-19, o ano em que não nos movemos, em que estávamos confinados. E
apesar disso, há mais três milhões de pessoas que foram forçadas a fugir devido
a discriminação, perseguição e outras formas de violência", disse o Alto
Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, numa conferência de
imprensa.
Os números do ACNUR
abrangem pessoas em situações muito diferentes e incluem refugiados
internacionais, requerentes de asilo e pessoas deslocadas internamente, bem
como milhões de venezuelanos que deixaram as suas casas e não são oficialmente
contados em nenhum destes grupos.
Entre aqueles que
foram obrigados a fugir do seu país, os sírios continuam a ser o maior
contingente, com cerca de 6,8 milhões de deslocados internacionais em resultado
da guerra, seguidos pelos palestinianos, com cerca de 5,7 milhões.
Os venezuelanos
constituem o terceiro maior grupo, com cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo
os números do ACNUR, que também não incluem os deslocados fora da região da
América Latina e das Caraíbas.
Afeganistão (2,8 milhões
de deslocados internos) e Sul do Sudão (2,2 milhões) são os próximos numa lista
que também inclui Myanmar (antiga Birmânia), a República Democrática do Congo,
a Somália e o Sudão.
Em termos de países
de acolhimento, a Turquia continua a ser o 'número um', com quase quatro
milhões de refugiados e requerentes de asilo, a maioria provenientes da Síria.
A Colômbia, com 1,7
milhões de venezuelanos no seu território, é o segundo maior país anfitrião,
seguido pela Alemanha, Paquistão, Uganda, Estados Unidos, Peru, Sudão e Líbano.
No relatório
observa-se que a grande maioria dos refugiados, quase nove em cada 10, está
alojada em países vizinhos de zonas de conflito e sobretudo nações de
rendimento médio e baixo.
Em 2020, o número de
requerentes de asilo caiu drasticamente, com 1,3 milhões, menos um milhão do
que no ano anterior, como resultado das restrições de viagem impostas pela
pandemia.
Entretanto, o número
de pessoas deslocadas internamente em resultado de conflitos, violência ou
violações dos direitos humanos aumentou novamente em 2020, para um novo recorde
de 48 milhões de pessoas.
A Colômbia, com 8,3
milhões de deslocados até ao final de 2020, de acordo com as estatísticas do
Governo, é o país com o maior número de pessoas oficialmente deslocadas em resultado
de décadas de conflito nas zonas rurais.
Segue-se a Síria
(6,7 milhões), a República Democrática do Congo (5,2 milhões), o Iémen (4
milhões) e a Somália (3 milhões).
Os maiores aumentos
durante 2020, no entanto, concentraram-se nos países africanos, especialmente
na África Oriental e na região dos Grandes Lagos, como resultado de conflitos
como o da região etíope de Tigray e a situação no Sudão e na Somália.
No relatório do
ACNUR dedica-se também um capítulo separado à situação no México e na América Central,
salientando-se o enorme crescimento do número de deslocados de El Salvador,
Guatemala e Honduras durante a última década.
No final de 2020,
havia cerca de 867.800 pessoas destes países que tinham sido obrigadas a
abandonar as suas casas, na sua maioria em resultado de extorsão e violência de
grupos criminosos, de acordo com testemunhos recolhidos pela ONU.
No relatório do
ACNUR também se chama a atenção para o impacto que a deslocação forçada tem nas
crianças, uma vez que 42% de todas as pessoas deslocadas no mundo têm menos de
18 anos de idade.
Novas estimativas da
agência indicam que quase um milhão de crianças nasceram como refugiados entre
2018 e 2020, estando muitas delas destinadas a permanecer nessa situação
durante os próximos anos. ANG/Angop
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