Cabo Verde/Presidente da República quer mesmo tratamento que é
dado aos cabo-verdianos na Guiné para guineenses em Cabo Verde
Bissau, 09 Jul 21 (ANG) – O Presidente Umasso Sissoco Embaló, disse quinta-feira na Praia, lamentar e não compreender porque é que os guineenses que nascem e vivem em Cabo Verde tenham tantas dificuldades em conseguir a documentação cabo-verdiana.
O chefe de Estado
guineense, que se encontra de visita oficial à Cabo Verde e falava à imprensa
após um primeiro encontro com o seu homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos
Fonseca, pediu o mesmo tratamento que é dado aos cabo-verdianos na Guiné para
os guineenses que residem no arquipélago.
“Eu lamento sinceramente.
Não percebo. Isso na Guiné não acontece
com os cabo-verdianos”, disse.
“Nunca um cabo-verdiano
na Guiné precisa de ter um documento de Cabo Verde ou da sua Embaixada. Só
vão à Embaixada de Cabo Verde para se inscrever para que quando queiram votar
possam votar. De resto não precisa. Basta dizer que sou cabo-verdiano, por
inerência é guineense”, acrescentou.
Sissoco Embaló adiantou
que no seu país os cabo-verdianos não precisam de ter um estatuto especial
porque ao chegar na Guiné-Bissau já são guineenses e, por isso mesmo, quer essa
reciprocidade no tratamento.
Acrescenta que, mesmo no
quadro da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Cabo
Verde tem um tratamento diferenciado por considerar que o povo da Guiné e de
Cabo Verde são povos irmãos, com a mesma história de luta.
“Um senegalês ou outro
povo não tem o mesmo estatuto que o povo cabo-verdiano na Guiné, pela nossa
história. E penso que a reciprocidade é muito importante. Por isso que eu peço
ao senhor Presidente e ao Governo cabo-verdiano que é muito importante ter isso
em consideração, que o povo guineense não é imigrante em Cabo Verde. É povo
cabo-verdiano, assim como acontece com os cabo-verdianos na Guiné”, disse.
O Presidente da
República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, por sua vez, admitiu que Cabo
Verde precisa fazer mais pela comunidade guineense no arquipélago, estimada em
mais de 10 mil pessoas.
“Eu, como Presidente da
República, sempre admiti isso. Acho que podemos fazer mais em Cabo Verde em
relação à comunidade guineense. Sempre defendi que os guineenses devem ter um
tratamento especial pelas razões históricas e de irmandade que temos”, disse.
Jorge Carlos Fonseca
declarou-se, entretanto, satisfeito em saber da parte do Governo cabo-verdiano
que no âmbito da revisão da nacionalidade essa questão vai ser revista no
sentido de haver um tratamento diferenciado aos guineenses como os
cabo-verdianos têm na Guiné.
Durante a sua visita de
quatro dias a Cabo Verde, Sissoco Embalo será recebido numa visita de cortesia
pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, desloca-se à Cidade Velha
enquanto Património Mundial da Humanidade pela Unesco, e a uma série de
instituições nas ilhas de Santiago e São Vicente.
Esta visita acontece,
segundo alguns observadores, num momento de “forte reforço das relações” entre
os dois países e, também, antes da cimeira da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), prevista para os dias 16 e 17 deste mês, em Luanda, Angola.
ANG/Inforpress
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