Sudão-golpe de Estado/”Ex Primeiro-ministro está em sua
casa”, diz General Al-Burahan
Bissau, 26 Out 21 (ANG) - O chefe das Forças Armadas sudanesas, general Abdel-Fattah al-Burhan, anunciou hoje, terça-feira, que o primeiro-ministro deposto do país, Abdullah Hamdok, que foi preso pelos militares, está em sua casa, revelando assim o paradeiro do ex-chefe do Governo.
"Disse
que não tinha a certeza se a detenção de um ministro ou de um político era a
coisa certa a fazer, mas disse que tinha de justificar as suas acções perante o
público", referiu o general, citado pelo site Notícias ao Minuto.
"Ninguém
o raptou ou agrediu, ele está em minha casa", disse Al-Burhan, numa
conferência de imprensa em Cartum, assegurando que "quando a situação se
acalmar e a paz prevalecer, ele voltará para casa".
A
comunidade internacional tem vindo a pedir a libertação
de Abdullah Hamdok.
A
tomada do poder pelos militares na segunda-feira seguiu-se a semanas de
crescente tensão política no país, intensificadas como uma tentativa de golpe
de Estado em 21 de Setembro.
Esforços
de membros civis do Governo em reformar o sector da segurança no país geraram
uma forte reacção dos militares, inclusive de al-Burhan.
Os
militares deixaram de participar em reuniões conjuntas com membros civis, o que
atrasou, por exemplo, a aprovação por parte do Conselho de Ministros de
entregar o antigo ditador Omar al-Bashir e outros dois responsáveis do regime
deposto em Abril de 2019 ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
Nas
primeiras horas de 25 de Outubro, os militares prenderam pelo menos cinco
ministros, bem como outros funcionários e líderes políticos, incluindo o
primeiro-ministro.
Ao
meio do dia de segunda-feira, Al-Burhan, presidente do Conselho Soberano -
órgão governativo composto por civis e militares - anunciou num discurso na
televisão estatal que dissolvia o Governo e o próprio Conselho Soberano, e
decretava o estado de emergência no país.
Pelo menos três pessoas morreram segunda-feira
devido a ferimentos de bala durante manifestações contra o golpe militar, que
interrompeu o processo de transição democrática iniciado após o afastamento de
Omar al-Bashir, em abril de 2019.
"Confirmou-se
a morte de um terceiro mártir por disparos das forças do conselho militar
golpista", escreveu o Comité Central de Médicos do Sudão, na rede social
Facebook, que acrescentou que o número de feridos é agora superior a 80.
O
Comité Central de Médicos, que tem tratado manifestantes desde a revolução que
afastou Al-Bashir, disse que ainda está, no entanto, a contar as baixas,
segundo a agência noticiosa Efe.
Por
sua vez, a Associação dos Profissionais do Sudão, que liderou os protestos durante
a revolução, alertou os manifestantes que os militares estão a tentar remover
as barricadas em várias partes do país para facilitar o movimento e
"continuar com a campanha de detenções".
"Avisámos
os revolucionários para evitarem o enfrentamento e os confrontos com estes
criminosos", alertaram, numa declaração citada pela Efe, na qual pediram
também a "proteção das barricadas durante a noite".
A
alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet,
condenou o golpe de Estado em curso no Sudão, tendo pedido aos militares para
"respeitarem a ordem constitucional (...) e se retirarem das ruas".
A
União Europeia também se manifestou "muito preocupada" com as
notícias de um golpe de Estado no Sudão e apelou à "rápida
libertação" dos dirigentes civis do Governo, assim como ao
restabelecimento "urgente" das comunicações no país.
A
União Africana (UA) apelou à "retoma imediata" do diálogo no Sudão,
pela voz do presidente do órgão executivo da organização, Moussa Faki Mahamat,
que disse ter tomado "conhecimento com profunda consternação dos graves
desenvolvimentos" no país.
Os
Estados Unidos da América, Alemanha e França, entre outros países, condenaram
igualmente o golpe de Estado e apelaram à libertação dos dirigentes civis
sudaneses.ANG/Angop
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