Saúde pública/Ministro afirma que o Sistema de Saúde da Guiné-Bissau está de “joelhos” e que a greve é a consequência
Bissau,15 Out 21(ANG) -
O
ministro da Saúde , Dionísio Cumba, disse quinta-feira que o sistema de saúde
do país "está de joelhos", depois de anos sem investimento, e que a
greve é uma consequência da precariedade em que se encontra.
“O próprio sistema não
consegue dar resposta e vem toda uma situação de precariedade e de greve que
estamos a viver neste momento”, disse o também médico guineense, em entrevista
à Lusa.
Para o ministro, se, por um
lado, os “técnicos reclamam melhores condições para prestarem melhor os seus
serviços”, por outro lado, o Governo está a “tentar ver como vai poder
priorizar e ter recursos para enfrentar a situação do sistema que está
completamente de joelhos”.
“Temos aqui o Hospital
Nacional Simão Mendes, mas o tipo de assistência é de cuidados primários”,
afirmou, salientando que é o hospital de referência nacional, mas não tem
especialistas, nem meios de diagnóstico a funcionar normalmente.
“Dá para perceber melhor o
nível de sistema de saúde que temos”, afirmou, explicando que a política de reestruturação
tem de ser acompanhada de formação de profissionais.
Os sindicatos do setor da
saúde da Guiné-Bissau estão em greve há vários meses para reivindicar melhores
condições de trabalho e o pagamento de salários aos novos ingressos, que estão
há mais de um ano sem receber.
“Já discuti com os
sindicatos o que estão a exigir. São meses muito difíceis para alguns que vivem
em locais longínquos sem condições económicas, mas exige sacrifícios. É preciso
um espírito de sacrifício para todos nós, ao mesmo tempo que pensamos como
damos a volta e conseguimos reestruturar tudo em termos de saúde”, disse o
ministro.
Dionísio Cumba disse que
durante a visita que fez às várias regiões sanitárias do país conversou com os
médicos e conseguiu perceber a situação em que vivem, sobretudo nas ilhas.
“Encontrámos médicos em
Caravela e em Uno que estão há muitos meses sem salário, alguns não têm salário
porque são novos ingressos, mas estão a dar o máximo para corresponder às
necessidades da população”, afirmou.
“Isto leva sim a uma reflexão muito profunda. Com esta situação de greve no setor da saúde, que pode, por um lado, ser justificada porque temos um sistema que foi desestruturado ao longo dos anos, nunca a saúde constituiu uma prioridade dos governos que passaram”, disse.ANG/Lusa
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