Venezuela/ONU preocupada com aumento da subnutrição no país
Bissau,
03 Dez 21(ANG) – A ONU manifestou hoje
preocupação pelo aumento d
os casos de subnutrição na Venezuela, país que
continua a registar importantes carências humanitárias, que se agravaram com a
pandemia da covid-19.
“A segurança alimentar e a nutrição continuam a ser uma preocupação fundamental. A taxa de subnutrição aumentou de 2,5% em 2010-2012 para 27,4% em 2018-2020”, explica o relatório Visão Geral Humanitária Global (VGHG), divulgado hoje.
O
documento, elaborado pela Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) começa
por afirmar que “uma contracção económica prolongada e significativa, inflação
crónica com episódios de hiperinflação, polarização política e violência
localizada continuam a ser os principais motores das necessidades humanitárias
na Venezuela”.
“Em
2021, uma modesta recuperação da produção petrolífera e medidas económicas liberalizantes
melhoraram ligeiramente o desempenho económico e ajudaram a conter a inflação”,
afirma o VGHG.
Segundo
o relatório, “a contracção do PIB em 2021 está estimada em 4%, ante os -30% em
2020, prevendo-se que a economia cresça em 2022” na Venezuela.
Contudo,
adianta, “a contínua contracção económica e as amplas sanções sectoriais”
internacionais afectam “serviços essenciais como os cuidados de saúde, água e
saneamento, educação, abastecimento de gás doméstico, combustível e
electricidade”.
Além
da deterioração dos serviços, que afectou as vidas e meios de subsistência das
famílias vulneráveis, a pandemia da covid-19 agravou a situação humanitária e a
quarentena fez reduzir as actividades económicas, as oportunidades de emprego
formal e a produção, além de aumentar a violência doméstica.
“Os
produtos estão disponíveis, mas as famílias vulneráveis enfrentam dificuldades
no acesso, devido à diminuição do poder de compra”, sublinha o relatório,
precisando que a dolarização informal da economia fez aumentar os preços, e que
o salário mínimo e as transferências sociais em dinheiro não cobrem as
necessidades básicas das famílias vulneráveis, especialmente de quem não tem
acesso a moeda estrangeira.
O
relatório explica que a covid-19 causou uma forte tensão no sistema de saúde,
enquanto o limitado acesso inicial às vacinas condicionou a resposta do país,
que tem agora 32,3% da população vacinada (duas doses).
“A
atenção à covid-19 reduziu outros serviços de saúde essenciais, em particular
de doenças crónicas, o acesso à saúde sexual e reprodutiva, e a vacinação
regular”, afirma o relatório.
A
pandemia fez ainda aumentar as consultas de saúde mental e apoio psicossocial
para crianças, adolescentes e prestadores de cuidados.
O
encerramento de escolas afectou 6,8 milhões de estudantes no país e pelo menos
20% deles tiveram dificuldade em completar o ano lectivo, principalmente
crianças em áreas distantes, com deficiências e de comunidades indígenas.
Por
outro lado, continuam os fluxos migratórios e o encerramento das fronteiras
forçou os venezuelanos a utilizar rotas e travessias irregulares, aumentando os
riscos de protecção, de tráfico de seres humanos e de violência baseada no
género.
Em
2022 “é provável que as necessidades humanitárias continuem devido à situação económica
e sociopolítica prolongada e ao impacto da covid-19”, explica.
“O
PIB da Venezuela deverá crescer 1% em 2022, após 8 anos consecutivos de
contracção (…) mas, as melhorias sustentáveis na economia dependerão dos
progressos duradouros no diálogo político e da evolução das sanções
internacionais”, sublinha o relatório.
Nesse
contexto, o financiamento humanitário continua a ser um desafio. A criação do
Fundo Humanitário da Venezuela em 2020 mobilizou 14 milhões de dólares, sendo
necessários 260 milhões de dólares para aumentar a resposta humanitária aos
venezuelanos. ANG/Inforpress/Lusa
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