Turquia/Erdogan culpa Ocidente por “provocação” contra a Rússia
“Posso
dizer muito abertamente que não considero correta a atual atitude do Ocidente.
[…] O Ocidente está a seguir uma política baseada na provocação”, declarou o
chefe de Estado turco durante uma conferência de imprensa com o homólogo
sérvio, Aleksandar Vucic, em resposta a uma pergunta sobre a crise energética
na Europa.
“Quando
se tenta travar uma guerra de forma tão provocadora, não se poderá alcançar os
resultados desejados. Nós, Turquia, sempre mantivemos uma política de
equilíbrio entre a Rússia e a Ucrânia”, sublinhou Erdogan.
Apesar
de ter fornecido ‘drones’ (aparelhos voadores não tripulados) militares a Kiev,
a Turquia recusou-se a aderir às sanções ocidentais decretadas contra a Rússia
após o lançamento da ofensiva de Moscovo na Ucrânia, a 24 de Fevereiro.
Terça-feira,
o Presidente turco que a crise de gás na Europa é o resultado de uma política
europeia de fazer frente ao chefe de Estado russo, Vladimir Putin, levando-o a
utilizar esta matéria-prima como arma.
“Claro,
a Europa colhe o que semeou. Desde logo, a postura da Europa contra Putin, com
a imposição das sanções, levaram Putin, quer queira quer não, ao ponto de
dizer: ‘se fizerem isso, eu farei isto’”, afirmou Erdogan ainda em Ancara,
momentos antes de seguir para Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina.
“Putin
usa todas as possibilidades e armas à sua disposição. Uma das mais importantes
é o gás natural. […] É lamentável, não queríamos, mas isto está a acontecer e
acho que, neste Inverno, a Europa vai ter problemas realmente sérios. Nós, na
Turquia, não teremos esse problema”, afirmou.
Ancara
pronunciou-se claramente contra a invasão russa e a favor da integridade
territorial da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia (anexada pela Rússia
em 2014), mas, ao mesmo tempo, efetuou numerosos esforços de mediação entre os
beligerantes.
Em
Agosto, Erdogan encontrou-se primeiro com Putin na cidade russa de Sochi e,
duas semanas depois, com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Lviv.
Antes,
em Julho, a diplomacia turca teve um importante papel no desbloqueio da
exportação de cereais ucranianos e de fertilizantes russos, com Istambul a
servir de cenário para a assinatura de acordos sobre a exportação de cereais e
de produtos agrícolas através do Mar Negro, firmados pela Ucrânia, Rússia,
Turquia e as Nações Unidas. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário