quinta-feira, 4 de maio de 2023

         EUA/Analistas  dizem que ataque ao Kremlin foi propaganda russa

Bissau, 04 Mai 23 (ANG) - O Instituto para o Estudo da Guerra, uma organização
de analistas com sede nos Estados Unidos, acusou hoje o Governo da Rússia de organizar um ataque contra o próprio edifício do Kremlin, em Moscovo, na terça-feira, como ato de propaganda.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) citado pela agência de notícias espanhola EFE, diz que "se tratou de uma tentativa para levar a questão da guerra à população russa e estabelecer condições para uma mobilização social mais ampla".

O grupo de analistas norte-americanos do ISW refere que as autoridades russas tomaram recentemente novas medidas de defesa aérea interna, inclusivamente na zona de Moscovo e que, por isso, "é extremamente improvável" que os aparelhos aéreos não tripulados ('drones') tenham conseguido atravessar as várias "capas defensivas". 

Imagens captadas por satélites e que datam do passado mês de janeiro mostram que as autoridades russas instalaram sistemas de defesa de mísseis Pantsir terra-ar perto de Moscovo para o fortalecimento de círculos defensivos à volta da capital do país. 

Para o ISW, um ataque "não detetado" pelos sistemas de defesa contra um objetivo tão importante como o Kremlin constituiria uma "grande vergonha para a Rússia". 

O Kremlin acusou a Ucrânia de autoria do ataque com drones, que considerou um ato terrorista. 

Para os investigadores norte-americanos do ISW, se o ataque com drones não tivesse sido organizado internamente e tivesse sido inesperado, "seria muito provável que a resposta oficial russa tivesse sido muito mais desorganizada" e não "tão coerente". 

"A apresentação rápida e coerente de uma narrativa oficial russa sobre o ataque sugere que a Rússia organizou o incidente, muito perto do dia 09 de maio (dia que assinala a capitulação da Alemanha nazi, em 1945), para colocar - perante a população - a situação de guerra como um fator que põe em causa a existência do país", considera o ISW.

O organismo com sede em Washington notam ainda que "alguns autores de blogues nacionalistas russas aproveitaram o 'ataque com drones' para pedir a intensificação do envolvimento da Rússia na guerra contra a Ucrânia".

Para o ISW, "O Kremlin pode estar a planear a realização de outras operações de 'bandeira falsa' e aumentar a desinformação antes do início de uma contra ofensiva para aumentar o apoio interno em relação à guerra". 

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, defendeu na quarta-feira que "é preciso cautela" face às informações ou declarações do Kremlin mas não quis especular sobre o assunto sem saber quem foi realmente responsável pelos factos.

 O Kremlin acusou quarta-feira a Ucrânia de tentar assassinar o Presidente russo, Vladimir Putin, num ataque com ‘drones’ que terão visado a sede da Presidência russa na noite passada.

“O regime de Kiev tentou atacar a residência do Presidente russo no Kremlin”, afirmou a Presidência num comunicado publicado na sua página na Internet, indicando que as forças militares intercetaram eletronicamente dois aparelhos aéreos não tripulados “que se dirigiam para o Kremlin”.

Os dois ‘drones’ inutilizados caíram dentro do recinto sem provocar danos ou feridos e Vladimir Putin “continua a trabalhar como habitualmente”, acrescentou o Kremlin.

“Estas acções são um ataque terrorista planeado, um atentado contra a vida do Presidente da Federação Russa cometido nas vésperas do Dia da Vitória e do desfile militar de 09 de maio”, lê-se no comunicado, em que se reserva “o direito de tomar medidas de retaliação onde e quando se considere oportuno”.

A Presidência da Ucrânia garantiu no mesmo dia , (quarta-feira) que não teve qualquer responsabilidade no ataque de ‘drones’ contra o Kremlin, atribuído a Kiev por Moscovo.

“É claro que a Ucrânia não tem nada a ver com os ataques de ‘drones’ contra o Kremlin”, disse  Mykhailo Podoliak, conselheiro do Presidente Volodymyr Zelensky.

 “Tais declarações encenadas pela Rússia devem ser consideradas apenas como uma tentativa de preparar um pretexto para um grande ataque terrorista na Ucrânia”, disse Mykhailo Podoliak.ANG/Lusa

 

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