Bruxelas/Von der Leyen anuncia
plano para enfrentar emergência migratória
Bissau, 17 Set 23 (ANG)
- A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou hoje, na
ilha italiana de Lampedusa, um plano de ação para enfrentar a imigração
irregular e afirmou que "a Itália pode contar com a União Europeia".
O plano de ação, com 10
pontos, inclui expandir missões navais da União Europeia (UE) no Mediterrâneo
ou criar uma nova, repatriamentos mais rápidos de pessoas cujos pedidos de
asilo forem rejeitados e corredores humanitários para chegadas legais.
Na sequência da chegada
de mais de 10.000 migrantes a Lampedusa (mais do que a população da ilha
italiana mais próxima de África) em apenas três dias, na semana passada, a
chefe do Governo italiano, Giorgia Meloni, escreveu uma carta à presidente da
Comissão Europeia pedindo-lhe para visitar a ilha "para compreender pessoalmente
a gravidade da situação".
Hoje, junto a von der
Leyen, Meloni afirmou não considerar a presença da líder europeia em Lampedusa
um "ato de solidariedade", mas de "responsabilidade".
"É uma fronteira da Itália, mas também da Europa. Se alguém na Europa
pensa que uma crise global pode ser resolvida deixando os italianos sós está
enganado", disse.
Para a chefe do Governo
de coligação de direita e extrema-direita, se todos os países não trabalharem
juntos "os números deste fenómeno não só sobrecarregarão os países
fronteiriços mas todos os outros" e defendeu um bloqueio naval
"eficiente", considerando que missões anteriores da UE não foram
devidamente realizadas.
Giorgia Meloni tomou
posse há quase um ano e desde então tem defendido que se abandonem as disputas
sobre a distribuição de imigrantes entre os países europeus e se concentrem
esforços em travar as saídas através de acordos com países africanos.
Por isso, um dos
compromissos mais esperados pelo Governo italiano foi o último dos pronunciados
por von der Leyen, que apelou para a aceleração da aplicação do acordo
migratório que Bruxelas assinou com a Tunísia em Julho passado e que inclui
ajuda financeira de mais de 1.000 milhões de euros em troca de medidas de
contenção da imigração. Ainda assim, von der Leyen também apelou aos países da
UE para que aceitem transferências voluntárias - uma fonte frequente de
discórdia.
No imediato, a UE
enviará especialistas para ajudar a gerir e registar o elevado número de
imigrantes que chegam a Itália.
Ainda sobre o tráfico de
pessoas, von der Leyen disse que "os traficantes são pessoas sem
escrúpulos, enganam as pessoas e colocam-nas em risco só para ganhar
dinheiro" e que é necessário reprimir este "negócio brutal".
A visita da líder
europeia a Lampedusa coincidiu com a chegada de mais de 1.000 migrantes à ilha
nas últimas horas.
A Cruz Vermelha
Italiana, que gere o centro de acolhimento de Lampedusa, disse que ali ainda se
encontram 1.500 migrantes, para uma capacidade de 400 pessoas, pois as
transferências para a Sicília e o continente não compensam totalmente as novas
chegadas. Imagens das televisões mostraram Meloni a falar com residentes da
ilha.
A chefe de Governo
disse-lhes que haverá 50 milhões de euros para ajudar a ilha, tendo uma pessoa
afirmado que não precisam apenas de dinheiro.
Já os imigrantes têm
mostrado frustração com a longa espera para serem transferidos para o
continente.
Imagens da televisão no
sábado mostraram centenas de pessoas a avançar em direção a um portão enquanto
a polícia usava escudos para os conter.
A crise migratória
desafia a unidade dentro da UE e também o Governo de extrema-direita liderado
por Meloni.
O vice-primeiro-ministro
Matteo Salvini, líder do partido italiano Liga (extrema-direita), criticou a
eficácia do acordo entre a UE e a Tunísia e recebe hoje a líder da direita
francesa, Marine Le Pen, para o comício anual da Liga em Pontida (Norte de
Itália).
Desde o início do ano
estima-se que mais de 127 mil imigrantes desembarcaram em Itália, quase o dobro
do mesmo período de 2022. ANG/Angop
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