Gabão/General toma posse segunda-feira como "presidente de transição" no Gabão
Bissau, 01 Set 23 (ANG) - O novo homem forte do Gabão, general Brice Oligui Nguema, que derrubou na quarta-feira o Presidente Ali Bongo Ondimba, tomará posse como "Presidente de transição" na segunda-feira, perante o Tribunal Constitucional, anunciaram hoje os militares golpistas.
A junta militar gabonesa
anunciou igualmente a "criação progressiva de instituições de
transição" e prometeu que o país respeitará todos os seus
"compromissos externos e internos".
"O presidente de
transição será empossado perante o Tribunal Constitucional na segunda-feira, 04
de Setembro de 2023, na Presidência da República", anunciou no canal
estatal de televisão Gabon 24 o coronel Ulrich Manfoumbi Manfoumbi, porta-voz
do Comité de Transição e Restauração das Instituições (CTRI), que reúne todos
os comandantes das forças armadas gabonesas.
O general Oligui também
"decidiu (...) o estabelecimento progressivo das instituições de
transição" e "deu instruções a todos os secretários-gerais, gabinetes
ministeriais, directores-gerais e a todos os responsáveis dos serviços do
Estado para que assegurem o reinício efectivo imediato do trabalho e a
continuação do funcionamento de todos os serviços públicos", acrescentou o
porta-voz.
A principal plataforma
da oposição gabonesa, Alternância 2023, apelou às forças militares que
derrubaram o presidente Ali Bongo Ondimba para concluírem a contagem dos
boletins de voto, a fim de reconhecerem a "vitória" do seu candidato,
Albert Ondo Ossa, 69 anos, ex-ministro do pai de Ali - Omar Bongo - entre 2006
e 2009.
A Alternância 2023
também "convidou as forças de defesa e segurança a discutir a situação num
quadro patriótico e responsável e a encontrar, entre os gaboneses, a melhor
solução" para "permitir que o país saia mais forte desta
situação".
O Conselho de Paz e
Segurança da União Africana (UA) reuniu-se hoje para analisar a situação no
Gabão, anunciou a organização continental em comunicado.
A reunião, que está a
decorrer, é presidida pelo comissário da UA para os Assuntos Políticos, o
nigeriano Bankole Adeoye, e pelo actual detentor da presidência rotativa do
Conselho, o burundiano Willy Nyamitwe, ainda segundo o comunicado.
O presidente da Comissão
da União Africana, Moussa Faki Mahamat, condenou na quarta-feira
"veementemente" o que descreveu como "a tentativa de golpe de
Estado" no Gabão, um país centro-africano rico em petróleo que foi
governado durante mais de 55 anos pela família Bongo.
O secretário-geral da
ONU, António Guterres, associou-se à condenação, embora tenha alertado para a
existência de irregularidades no processo eleitoral que conduziu à vitória de
Bongo.
Na quarta-feira, um
grupo de militares anunciou ter tomado o poder no Gabão, pouco depois de a
comissão eleitoral ter declarado a vitória de Bongo nas eleições presidenciais
e legislativas de dia 26, que a oposição considerou fraudulentas.
Os golpistas afirmaram
que o escrutínio não foi transparente, credível ou inclusivo e acusaram o
Governo gabonês de governar de forma "irresponsável e imprevisível",
prejudicando assim a "coesão social".
No final do dia de
quarta-feira, os líderes do golpe de Estado anunciaram a nomeação do general
Brice Oligui Nguema, comandante da Guarda Republicana do país, responsável pela
segurança do próprio chefe de Estado, como novo "presidente de
transição".
Este não é o primeiro
golpe de Estado enfrentado por Ali Bongo, cuja família detém o poder desde
1967.
Bongo sofreu uma
tentativa de golpe em Janeiro de 2019, reprimida no próprio dia, quando se
encontrava em Marrocos a recuperar de uma doença.
O golpe de Estado no
Gabão - uma das potências petrolíferas da África subsariana - é o segundo a
ocorrer em pouco mais de um mês no continente, depois de o exército ter tomado
o poder no Níger, em 26 de Julho.
O Gabão junta-se, para
já, à lista de países que tiveram golpes de Estado bem-sucedidos nos últimos
três anos: Mali (Agosto de 2020 e Maio de 2021), Guiné (Setembro de 2021),
Sudão (Outubro de 2021) e Burkina Faso (Janeiro e Setembro de 2022). ANG/Angop
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