Defesa e Segurança/Despesas militares mundiais atingem recordes em 2023
Bissau, 23 Abr 24 (ANG) - As
despesas militares mundiais registaram, em 2023, o maior aumento em uma década,
atingindo cerca de 2 300 mil milhões de euros.
O ano de 2023 registou um aumento de 6,8% de despesas
militares a nível mundial, o maior aumento nos últimos dez anos,
atingindo os 2 400 mil milhões de euros, devido aos conflitos actuais,
segundo um relatório publicado a 22 de Abril pelo instituto Sipri.
Os gastos militares
progrediram no mundo inteiro, mas foi na Europa, na Asia e no médio Oriente que se registaram os
aumentos mais notáveis.
"As despesas
militares atingiram um pico, e pela primeira vez desde 2009, expandiram nos
cinco continentes", avançou à agência France-Presse Nan Tian,
investigador no Sipri.
Estados Unidos,
China, Rússia, India e Arábia Saudita foram os que mais investiram no sector
militar.
Na Europa, a Polónia é o país que regista o maior aumento em 2023, de 75%,
equivalente a cerca de 29 mil milhões de euros.
A Ucrânia, invadida pela Rússia em 2022, elevou os custos militares de 51% a cerca de 61 mil milhões de euros, o
que corresponde a mais de metade (58%) das despesas públicas do país. "A
margem de manobra da Ucrânia para aumentar as suas despesas está agora muito
limitada", analisou o investigador.
A Rússia por sua vez aumentou as despesas bélicas de 24%, ou seja
de cerca de 102 mil milhões de euros.
O ano de 2023 foi
também o ano em que Israel lançou a ofensiva terrestre na Faixa de Gaza,
território palestiniano ocupado. Segundo país mais dispendioso na região depois
da Arábia Saudita, o Estado hebreu
aumentou as suas despesas militares de 24% para atingir cerca de 26
mil milhões de euros em 2023.
Quanto aos Estados Unidos, primeiro país do mundo
para as despesas militares, chegaram em 2023 a cerca de 860 mil milhões de euros, tendo
registado um aumento de apenas
4,3%. As despesas militares dos Estados Unidos representam 68% do
orçamento total dos 32 países da NATO.
A China é o segundo
país do mundo que mais investe no sector militar. Em 2023, aumentou as despesas
de 278 mil milhões de euros, de 6% ao todo.
A República Democrática do Congo (RDC) duplicou
as despesas militares (mais
105%) para atingir os 745 milhões de euros, para fazer face às
tensões crescentes com o vizinho Ruanda, sendo este o maior aumento a nível mundial.
O segundo maior aumento no mundo
verifica-se no Sudão do Sul,
com um acréscimo de 78%,
equivalente a cerca de 950 mil milhões de euros.
Segundo o
investigador Nan Tian, esta "tendência mundial para um aumento das
despesas militares irá continuar por mais alguns anos".
Ainda em 2023, foram utilizadas armas explosivas em cerca de 75 países e
territórios, ou seja um terço do
globo. Isto causou um nível de danos sem precedentes nas
infraestruturas civis e danos físicos, segundo outro relatório anual, da
Handicap Internaitonal, também publicado a 22 de Abril.
O número de civis mortos aumentou 122% em 2023, comparando
com o ano de 2022. O Líbano, o Myanmar, o Paquistão, a Palestina, a Somália, o
Sudão, a Síria, a Ucrânia e o Iémen são os países mais afectados.
A situação na Faixa de Gaza, atacada há seis meses
por Israel, em resposta ao ataque do Hamas a 7 de Outubro, onde já morreram
mais de 33 000 pessoas segundo o ministério da Saúde do Hamas, contribui em
grande parte para o aumento destes dados, como indica o relatório, que se
baseia em informações do Banco Mundial, segundo os quais mais de 60% das
habitações foram destruídas no território palestiniano, um dos mais
densamente habitados no mundo.
O relatório indica
ainda que os civis representam 90%
das vítimas de armas explosivas utilizadas em cidades.
"A utilização de armas explosivas em meio urbano tem consequências absolutamente devastadoras para os civis", insistiu o responsável pela comunicação da Handicap International, Gilles Lordet. "Para além do número de mortos, provocam movimentos massivos de população e têm consequências a longo prazo como a contaminação dos solos com minas ou armas que não explodiram". ANG/RFI
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