Argentina/Brasil assume hoje a Embaixada da
Argentina em Caracas fechada por Maduro
Bissau,
01 Ago 24 (ANG) – O Brasil vai assumir formalmente a partir de hoje a
representação diplomática da Argentina em Caracas a partir de hoje, depois de
os diplomatas argentinos em Caracas, expulsos pelo regime de Nicolás Maduro,
deixarem a Venezuela.
A
informação foi confirmada à Lusa por fontes da Chancelaria argentina em Buenos
Aires e celebrada em Caracas pela líder opositora, María Corina Machado.
“Agradecemos
ao Governo do Brasil pela sua disposição de assumir a representação diplomática
e consular da República Argentina na Venezuela e a proteção da sua sede e
residência, assim como a integridade física dos nossos companheiros asilados
naquela residência. Isso poderia contribuir para avançar num processo de
negociação construtiva e efetiva como a que o Brasil apoiou”, publicou Maria
Corina Machado nas redes sociais.
A
responsabilidade que o Brasil assume a pedido do Presidente argentino, Javier
Milei, visa garantir os direitos de cidadãos argentinos e de firmas de capitais
argentinos em território venezuelano, proteger os seis venezuelanos asilados na
residência diplomática argentina e intermediar entre a Venezuela e a Argentina,
que ficaram sem um canal de diálogo direto após o regime de Maduro expulsar do
país os diplomatas argentinos.
A
custódia do Brasil sobre os asilados políticos deverá ser provisória até que um
terceiro país aceite receber esses membros da equipa de María Corina Machado
refugiados na Embaixada da Argentina desde 20 de março.
Na
segunda-feira (29), o regime de Maduro deu um ultimato para que todos os diplomatas
argentinos abandonassem o país em 72 horas, mas não permitiu que os refugiados
venezuelanos partissem juntamente com os diplomatas expulsos.
“Dada
a total falta de garantias, sem proteção da liberdade ou da integridade física
dos nossos requerentes de asilo, a República Argentina alerta sobre as
consequências desta situação. Apelo à solidariedade de todos os países para que
colaborem com os esforços diplomáticos e com a proteção dos requerentes de
asilo. A Argentina solicita à comunidade internacional que se esforce pelo
cumprimento das normas internacionais que regem as relações diplomáticas entre
os Estados”, pediu a ministra argentina das Relações Exteriores, Diana Mondino,
na quarta-feira à noite num discurso numa sessão de emergência da Organização
dos Estados Americanos (OEA), onde a situação na Venezuela foi tratada.
Enquanto
os asilados venezuelanos continuarem sem um salvo-conduto, o Brasil poderá
erguer uma bandeira brasileira na Embaixada argentina, dando-lhe caráter
diplomático, apesar da ausência de diplomatas argentinos.
Esta
não é a primeira vez que o Brasil representa os interesses diplomáticos da
Argentina. Em 1982, quando a Argentina e a Inglaterra romperam relações no
contexto da Guerra das Malvinas, o Brasil assumiu a representação argentina em
Londres, criando a Seção de Interesses Argentinos na Embaixada do Brasil, onde
um diplomata argentino atendia os seus cidadãos.
Apesar
do pedido da Argentina, o presidente Javier Milei criticou os presidentes de
Brasil, Colômbia e México por não condenarem o regime de Nicolás Maduro no
Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) reunido nesta
quarta-feira (31) em Washington.
Maduro
reclamou vitória nas eleições presidenciais de domingo passado, após um
escrutínio contestado pela oposição, que acusa o regime de fraude.
Por
um voto, não passou na sessão da OEA uma resolução condenando a alegada fraude
eleitoral, com abstenções do Brasil e Colômbia. A resolução recolheu 17 votos a
favor, 11 abstenções e cinco países estiveram ausentes.
Milei
acusou os presidentes Lula, Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López
Obrador (México) de serem cúmplices de Nicolás Maduro.
“Alguns
imbecis acusaram-me de ser louco por ver comunismo em todos os lados. Fica
claro que esses são cúmplices, por serem ignorantes e/ou estúpidos”, escreveu
Milei nas redes sociais. ANG/Lusa
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