Ucrânia/ Kremlin não receia detenção de Putin na
Mongólia, membro do TPI
Bissau, 30 ago 24 (ANG) – A
Presidência russa não teme que Vladimir Putin seja detido na Mongólia durante a
visita oficial da próxima semana devido ao mandado de captura do Tribunal Penal
Internacional (TPI), de que o país asiático é Estado-membro.
“Não, não estamos
preocupados (...) Mantemos um grande diálogo com os nossos amigos da Mongólia”,
declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, quando questionado hoje sobre a
existência de receios quanto a uma eventual detenção do líder russo no país
vizinho.
Peskov acrescentou que
“todos os aspetos da visita foram cuidadosamente preparados”.
A visita do próximo dia 03
foi anunciada na quinta-feira pelo Kremlin, que fez saber que Putin se
encontrará com o seu homólogo mongol, Ukhnaa Khurelsukh, em Ulaanbaatar, com
quem “trocará impressões sobre as relações bilaterais e a cooperação”.
O chefe de Estado russo
viaja "a convite" do Presidente mongol, Ukhnaa Khurelsukh e vai
"participar nas comemorações do 85.º aniversário da vitória conjunta das
forças armadas soviéticas e mongóis sobre os militaristas japoneses"
durante a Batalha de Khalkhin Gol.
Vladimir Putin e Ukhnaa
Khurelsukh “trocarão pontos de vista sobre questões internacionais e regionais
atuais”, acrescentou ainda a Presidência russa, segundo a qual “vários
documentos bilaterais” serão assinados nesta ocasião.
Trata-se da primeira
deslocação de Putin a um país membro do TPI desde que a entidade emitiu, no ano
passado, um mandado de captura contra o líder russo, por alegados crimes de
guerra na Ucrânia, uma decisão criticada por Moscovo.
A Mongólia assinou o
Estatuto de Roma em 2000, antes de o ratificar em 2002.
Cada Estado-membro é
obrigado a prender qualquer pessoa no seu território que seja objeto de um
mandado de detenção do TPI, como é o caso de Vladimir Putin.
O Kremlin sempre rejeitou
firmemente as acusações do TPI contra o Presidente russo e contra Maria
Lvova-Belova, comissária para os direitos da criança, devido à deportação de
crianças das regiões ucranianas ocupadas por Moscovo na sequência da invasão
lançada em fevereiro de 2022.
No entanto, Putin teve o
cuidado de, durante quase um ano e meio, evitar viajar para o estrangeiro, por
exemplo, faltando à cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul) na África do Sul, em agosto de 2023, e depois à cimeira do G20 na Índia,
em setembro do mesmo ano.
Por outro lado, visitou a
China em maio, a Coreia do Norte em junho e o Azerbaijão em meados de agosto,
mas nenhum destes países é membro do TPI.
A última visita do
Presidente russo à Mongólia remonta a setembro de 2019.
A Mongólia, um país rico em
recursos naturais, situa-se na Ásia Oriental, sem litoral, entre a Rússia e a
China, e possui um vasto território (três vezes o tamanho da França). No
entanto, tem apenas 3,4 milhões de habitantes.
No início de agosto, o
secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, deslocou-se à capital da
Mongólia, Ulan Bator, declarado como “um parceiro central” de Washington na região.
Esta visita fez parte de um desejo declarado dos Estados Unidos de aumentar a sua influência neste vasto país, também cobiçado pelos seus rivais russos e chineses.ANG/Lusa
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