“Renúncia seria ocultar prova do golpe”
Bissau, 09 Mai 16 (ANG)-A Presidente Dilma Rousseff voltou a classificar, no
domingo, o processo de golpe e afastou qualquer intenção de renunciar.
Dilma fez estas declarações no mesmo dia em que a Comissão Especial do
“Impexchment “ votava, no Senado, o parecer favorável ao seu afastamento do
cargo.
“Sabemos quem é
quem nesse processo e, por isso, queriam que eu renunciasse, porque sou muito
incómoda. Sou a Presidente eleita, não
cometi nenhum crime e, se eu renuncio, eu enterro a prova viva de um golpe, sem
base legal, que tem por objectivo ferir as conquistas dos últimos 13 anos.
Resistirei até ao último dia”, declarou.
Dilma voltou a atacar o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), que foi já afastado do cargo, e o vice-presidente Michel
Temer. “Não vamos nos iludir. Todos aqueles que são beneficiários desse
processo, como, por exemplo, aqueles que estão usurpando o poder, infelizmente
o vice-presidente da República, são cúmplices de um processo extremamente
grave”, disse.
A presidente participou de cerimónia de contratação de
25 mil unidades do “Minha Casa, Minha Vida, no Palácio do Planalto”.
Ao falar sobre a entrega das unidades, ela defendeu o
programa e disse que um eventual governo Temer tem como meta reduzir o enfoque
nos programas sociais.
“Tem gente que
defende que o programa social tem que ter foco, e esse foco tem que ser
reduzido, assim como o Estado tem que ser mínimo. Colocar foco no Minha Casa,
Minha Vida é reduzir a importância do programa e transformá-lo em programa
piloto, que é só o que eles sabem fazer”.
Dilma Rousseff disse ter “plena consciência” de que o
processo de golpe não é apenas contra o seu mandato. “Fui eleita com 54 milhões
de votos e um programa, onde estava lá o Minha Casa, Minha Vida. Na América
Latina, quando não se queria um certo típico de política, dava-se um golpe de
Estado, usando as Forças Armadas. Isso foi superado”, continuou.
“Não gostando de um programa que o governo implementa,
como tiro o governo eleito hoje? Se considero difícil disputar eleições
directas, porque se chegar lá e falar que vou acabar com uma parte do Minha
Casa, Minha Vida, tirar as pessoas do Bolsa Família, quem é que votaria nisso?
Ninguém. Vivemos um “impeachment” golpista. Está em jogo uma eleição indirecta
travestida de “impeachment”, vão aplicar na cara de pau um programa não
referendado nas urnas”, finalizou.
Dilma também citou o afastamento de Cunha. A presidente considerou “violento” o processo de “impeachment” comandado por Eduardo Cunha.
Dilma também citou o afastamento de Cunha. A presidente considerou “violento” o processo de “impeachment” comandado por Eduardo Cunha.
“Foi necessária uma pessoa destituída de princípios
morais e éticos, acusado de lavagem de dinheiro e contas no exterior, para
perpetrar o golpe.O Supremo Tribunal Federal disse que o senhor Eduardo Cunha
usava de práticas condenáveis. Uma delas foi a chantagem explicita com o meu
Governo, quando entrou com um processo de “impeachment” e disse “se não derem
três votos para que o Conselho da Ética não me condene, eu aceito o pedido (de
impeachment)”.
É uma questão tão descarada que até o advogado do PSDB
e ex-ministro do Fernando Henrique Cardoso (o jurista Miguel Reale Jr.), que
redigiu esse pedido, chamou de chantagem explícita”, declarou Dilma. ANG/JA
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