Bissau,09 Jan 17(ANG) – O
Presidente da República instou o Primeiro-ministro Umaro Sissoco Embaló a
desmantelar as supostas redes de corrupção instaladas nos Ministérios do
Interior, Pescas e Finanças.
José Mário Vaz que falava na
sexta-feira num jantar de confraternização com os funcionários do Ministério do
Interior, disse que chegou o momento dos guineenses levantarem para defender o
país.
“Quero garantir ao Primeiro-ministro
e o ministro do Interior que as pessoas partiram todas as barreiras de
segurança do país. Uma casa segura deve ter murros de segurança que impeça a entrada fácil no seu interior.
Hoje em dia a Guiné-Bissau dispõe de 500 portas de entrada”, criticou o chefe
de Estado, qualificando a situação de triste.
José Mário Vaz sublinhou que
o actual primeiro-ministro e o seu elenco governamental têm pesadas
responsabilidades nos seus ombros para resolver questões de segurança no país.
“Nesta minha intervenção,
vou cingir em três aspectos. Vou falar do Ministério do Interior, da Economia e
Finanças e das Pescas porque é nestas
três instituições que sentimos que, de facto, existem problemas sérios na
Guiné-Bissau”, informou.
Em relação ao Ministério do
Interior, o chefe de Estado afirmou que logo no primeiro mês após a sua
investidura um grupo de pessoas cujos nomes não revelou tentou aliciar-lhe com 50 mil dólares.
“Quando me prometeram os 50
mil dólares perguntei-lhes quem são para
me oferecer esse montante e qual era a proveniência desse dinheiro. Recusei a
proposta porque a sua origem era duvidosa”, explicou.
O Presidente da República
afirmou que esses indivíduos davam normalmente à algumas autoridades do país montantes muito
mais elevados ou seja entre os 250 à 300 mil dólares por mês.
“Voltei a questioná-los para
me informarem da origem do dinheiro. O referido dinheiro provém de documentos
mais cruciais da nossa soberania, através da qual um cidadão se identifica como
guineense. O dinheiro vem da venda dos nossos passaportes em Macau”, explicou.
José Mário Vaz revelou que
cada passaporte é vendido à 43 mil dólares, acrescentando que dispõe de fotografias
como provas.
Referiu ainda que alguém pode estar em Macau, Congo,
Taiwan ou outras partes do mundo mas pode ter o registo criminal da
Guiné-Bissau, no valor de sete mil dólares.
“Como é possível dar a um
estrangeiro o registo criminal de um pessoa com o nome de um guineense que
reside por exemplo no bairro de Mindará em Bissau. O atestado de residência é vendido igualmente a sete mil
dólares, e só em Dezembro facturaram mais de um milhão e meio de dólares. Como é
que me vai oferecer 50 mil dólares na qualidade de Presidente da República da
Guiné-Bissau”, questionou, tendo exortado ao primeiro-ministro de que todas as
suas denúncias terão consequências.
“Temos essa informação
porque recentemente houve conflitos entre o Embaixador da Guiné-Bissau na China
e o referido Cônsul do país em Macau no
momento de partiha de dinheiro”, esclareceu, afirmando quie estão a enriquecer
os estrangeiros enquanto que o povo guineense continua a viver na miséria e
pobreza.
No que tange ao Ministério
da Economia e Finanças, José Mário Vaz questionou do paradeiro das receitas
provenientes das Alfândegas e Direcção Geral das Contribuições e Impostos e
disse que, nos momentos normais são
arrecadadas entre quatro e cinco mil
milhões de francos CFA.
“Nos últimos anos, o país
teve que emitir títulos de tesouro junto
dos Bancos no valor de mais de 40 milhões de dólares cujo paradeiro se
desconhece”, revelou.
Em relação ao Ministério das
Pescas, o Presidente da República afirmou que muitos navios estão a operar nas
águas territoriais do país sem licença, frisando que quando forem confrontados
a declarar a Taxa de Arqueação Bruta(TAB), avançam com dados falsos.
“Quando os nossos serviços
de fiscalização preparem missões para alto mar, os armadores em terra alertam
os navios piratas para fugirem. É só para verem em que situação se encontra o
país, com os próprios nacionais a
contribuírem para a delapidação dos recursos
em troca de pequenas migalhas”, informou.
O Presidente disse que
quando se viaja de avião à noite em cima das águas territoriais do país ao ver
para baixo confunde-se que se está em Nova Yorque devido a iluminação de
quantidades de navios que pescam no mar.
“É muito triste e até parece
que este país está de praga. Quer dizer, todos nós temos que estar a trabalhar
para sustentar meia dúzia de pessoas e temos problemas sérios com a escola,
saúde, estradas, entre outros”, lamentou.
ANG/ÂC/SG
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