Cipriano Cassamá critica posicionamento do Presidente da
República face a nomeação de novo PM
Bissau,11
Jun 19(ANG) – O Presidente da Assembleia Nacional Popular(ANP), afirmou hoje
que no sistema constitucional da Guiné-Bissau o Presidente da República não é
concebido como líder de grupo ou de partidos políticos nem tutela os seus
interesses.
Cipriano
Cassama que discursava na abertura da 1ª Sessão Ordinária da Assembleia
Nacional Popular(ANP), disse que quando
o Presidente da República pretende presidencializar o sistema parlamentar de
governo cria, artificialmente a crise no sistema político e no equilíbrio
parlamentar, o que contraria a lógica da democracia e do Estado de Direito.
“Aliás,
nesta matéria, o texto constitucional é cristalinamente claro ao estabelecer
que o Presidente da República é o chefe de Estado, símbolo da unidade, garante
da independência nacional e da
Constituição e comandante supremo das Forças Armadas, razão pela qual a sua
actuação deverá limitar-se ao estrito cumprimento dos ditames constitucionais”,
disse.
O
Presidente da ANP sublinhou que a crise dos partidos políticos limita-se
exclusivamente aos mesmos e suas estruturas, como resultado da dinâmica do jogo
político numa democracia.
“O papel
constitucional do Presidente da República enquanto símbolo da unidade e garante
da estabilidade deveria resumir-se ao uso da sua magistratura de influência
visando a aproximação das partes em contenda, particularmente quando essa
disputa implicar consequências gravosas para a protecção do interesse público e
não o contrário”, aconselhou.
Cipriano
Cassama disse que vai andar mal a democracia parlamentar se o Presidente da
República pretender tutelar o interesses de um grupo de guineenses, marcada por
um acentuado défice de relacionamento e cultura institucionais, porventura, sem
precedentes na história do país e com
reflexos negativos nas actividades governativa e parlamentar.
Declarou
que o Presidente da República não deve por nisso ignorar as suas incumbências
constitucionais e muito menos deve agir como líder partidário, numa lógica
divisionista de pertença à grupos, mas que antes, tem a obrigação de convocar
as partes sempre que das suas acções resultem ou possam resultar em prejuízos
para o interesse público e da Nação.
“Convence-nos
a todos que a decisão soberana dos cidadãos, nos termos da Constituição da
República deve ser correspondido no plano político por todos os órgãos da
soberania como de resto se cumpriu e cumpre com
as reuniões plenárias da Assembleia Nacional Popular que decide
completar a sua mesa, com agendamento da eleição do 2º Vice Presidente”, disse.
Cipriano Cassama.
O líder
do parlamento questionou como é que se pode condicionar a nomeação do
Primeiro-ministro ao preenchimento do lugar do 2º Vice Presidente da Assembleia
Nacional Popular ou do estabelecimento dom diálogo entre as formações políticas
representadas no parlamento, se no seu artigo 68 alínea g, fala apenas na
nomeação do chefe do executivo tendo em conta os resultados eleitorais.
A
primeira sessão ordinária da X Legislatura que hoje inicia irá decorrer até dia
22 de Julho próximo e nela serão discutidos, entre outros, a votação do
Projecto Lei dos Oficiais de Justiça, da Lei Orgânica das Secretárias Judiciais
e Privativas do Ministério Público, proposta do Estatuto Remuneratório da
Polícia Judiciária, eleição do 2º Vice Presidente da Assembleia Nacional
Popular, a proposta da Renovação do Mandato da Comissão Organizadora da
Conferencia Nacional.ANG/ÂC//SG
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