ONU relata más
condições de detenção de migrantes
Bissau, 09 jul 19 (ANG) - A alta
comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou segunda-feira (8) estar "profundamente
chocada" com as condições de
detenção dos migrantes nos Estados Unidos de América e ressaltou que as
crianças nunca deveriam ser separadas de suas famílias.
"Como pediatra, mas também como mãe e ex-chefe de Estado,
estou profundamente impactada com o fato de que algumas crianças sejam
obrigadas a dormir no chão em instalações superlotadas, sem acesso a cuidados
de saúde ou a alimentos adequados", declarou Bachelet, em um comunicado.
A crítica acontece um dia depois das declarações do presidente
americano Donald Trump, que anunciou que centros de detenção de migrantes,
condenados por sua superlotação e péssimas condições de vida, serão abertos aos
jornalistas.
"Manter em regime de detenção uma criança, mesmo que por
curtos períodos e em boas condições, pode ter graves consequências sobre a sua
saúde e seu desenvolvimento. Pensem nos estragos causados a cada dia por esta
situação alarmante", acrescentou a comissária da ONU.
"Na maioria dos casos, os migrantes e refugiados se
aventuram em perigosas viagens com seus filhos em busca de proteção e
dignidade, longe da violência e da fome. Quando finalmente acreditam que estão
em segurança, são separados de seus entes queridos e detidos em condições
indignas", completou Bachelet.
Vários organismos das Nações Unidas encarregados dos direitos
Humanos advertiram que a detenção de crianças migrantes poderia configurar
tratamento cruel, desumano ou degradante, o que é proibido pelo direito
internacional.
Em maio, 144.000 pessoas foram detidas e colocadas em detenção
pela polícia de fronteiras dos Estados Unidos. Mas faltam vagas nessas estruturas, bem como nos
centros de acolhimento para onde os menore e as famílias são normalmente
transferidos.
Um relatório do Departamento americano de Segurança Nacional
(DHS), responsável pela guarda de fronteira, admitiu na semana passada, uma
"superpopulação perigosa" em muitos centros de acolhida de migrantes
clandestinos, em sua maioria centro-americanos que fogem da violência e da miséria
em seus países de origem.
Deputados democratas que também visitaram os centros de detenção
informaram sobre superlotação de celas e ausência de água corrente. Crianças e
adultos não tinham acesso a medicamentos e não tomavam banho havia duas
semanas.
No domingo, em um tuíte,
Trump disse que "se os imigrantes ilegais não estão contentes com as
condições nos centros de detenção construídos ou recondicionados rapidamente,
diga a eles que não venham. Problema resolvido!".
Para Bachelet, "toda privação de liberdade dos migrantes e
refugiados adultos deveria ser uma medida de último recurso".
"Se a detenção acontece, deveria durar o mínimo
possível", afirmou, pedindo às autoridades que encontrem medidas "não
privativas de liberdade" para os migrantes e refugiados.
ANG/RFI
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