Responsáveis pela igualdade de Género defendem reforço do combate à violência contra mulheres
Bissau, 07 nov 19 (ANG) - A directora-geral da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP), Georgina Mello, apontou quarta-feira a
"mais-valia linguística" como meio para desenvolver "acções
conjuntas" e conseguir "mudanças concretas" no combate à
violência contra as mulheres na comunidade.
"Podemos e devemos fazer valer a nossa
mais-valia linguística e a nossa cooperação multilateral, para desenvolver
acções conjuntas e inclusivas, partilhando boas práticas, trabalhando em rede,
promovendo as sinergias já existentes e a interligação entre os atores
nacionais e os internacionais", defendeu a cabo-verdiana, citada pela
Lusa.
Georgina Benrós de Mello
falava na cidade da Praia, em representação do secretário-executivo da CPLP,
Francisco Ribeiro Telles, na abertura da VI Reunião de Ministros e Responsáveis
pela Igualdade de Género da comunidade lusófona, sob o tema "Combate à VBG
e ao Feminicídio".
A directora-geral notou
que a prevalência de mortes relacionadas com o género tem alcançado
"proporções alarmantes", estimando-se que 35% das mulheres do mundo
já experimentaram algum tipo de violência e em alguns desses países essa
percentagem chega a ultrapassar os 70%, algo que considerou ser
"assustador e inadmissível".
Apesar da falta de
consensualização sobre o conceito e de dados diferentes, díspares e difíceis de
comprar em cada um dos países, Georgina Mello notou que se sabe que os maiores
números absolutos de violência registam-se na Ásia e que a maior percentagem de
feminicídios acontece em África, continente onde estão seis dos nove
Estados-membros da CPLP.
Por isso, disse ser
necessário "romper com o silêncio, acabar com a impunidade e exigir
responsabilidades" perante este flagelo social que afecta todos os
Estados-membros da CPLP, "influenciando de modo inequívoco o
desenvolvimento e o progresso das sociedades".
Referindo que a comunidade
é composta por países com especificidades e contextos distintos e com processos
de desenvolvimento em estágios diversos, a directora-geral disse acreditar,
porém, que a CPLP pode conseguir "mudanças culturais significativas",
através da educação e formação, para eliminar as práticas nefastas e
discriminatórias contra as mulheres.
"Queremos,
conjuntamente, contribuir para a mudança de atitudes e comportamentos. Para
tal, precisamos de caminhar no sentido de tornar as nossas intenções mais
concretas, mas direccionadas para a implementação de acções e projectos no
terreno, junto das populações", reforçou.
Georgina de Mello disse
que não basta criar quadros legais para prevenir e punir esses crimes, mas sim
sistemas integrados de apoio às vítimas, que sejam accionados no momento em que
se identifica o primeiro sinal de violência, bem como sistemas de coordenação
dos serviços de apoio social, acesso à saúde, à justiça e à polícia.
"Queremos dar passos
mais visíveis e com mais impacto, que respondam aos interesses e prioridades
dos nossos Estados que reflictam a CPLP, como um espaço de cooperação com
impacto na agenda de desenvolvimento global", prosseguiu a
directora-geral, defendendo igualmente sistemas que continuem a apostar no
trabalho de sensibilização das populações.
Georgina Mello entendeu
que para a CPLP sustentar todos os esforços, é necessário dispor de "dados
estatísticos oficiais, compreensíveis e acessíveis", preparados pelas
instituições estatísticas dos países lusófonos, em coordenação com as
organizações de mulheres.
A VI Reunião de Ministros
e Responsáveis pela Igualdade de Género conta com a presença de representantes
de todos os Estados-membros da CPLP e foi presidida pela ministra da Família e
Inclusão Social de Cabo Verde, Maritza Rosabal.
A ministra sublinhou os
passos dados até agora por Cabo Verde, com destaque para a Lei da Paridade,
aprovada na semana passada no parlamento, considerado um "ato de
justiça" e que "marca muito" a violência de género no país.
Maritza Rosabal também
salientou a importância da procura de consensos, de medidas pragmáticas e de
acções para combater o feminicídio, a forma extrema de violência contra as
mulheres e raparigas. ANG/Angop
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