Especial 24 de Setembro/ Antigo aluno do Lar de Estudantes de Conacri pede políticos para se abdicarem de “guerrinhas”
Bissau, 23 set 20 (ANG) – O antigo aluno do Lar de Estudantes de Conacri pede aos políticos para se abdicarem de “guerrinhas políticas”, a fim de trabalharem para o desenvolvimento do país.
Ilna Nbana Sanhá, em entrevista conjunta à ANG, Jornal Nô Pintcha e RDN no quadro da comemoração de mais um ano da independência do país, que se assinala no dia 24 de Setembro, disse ainda que os governantes devem mudar seus hábitos de irem comprar casas no exterior, “porque não é solução para o desenvolvimento do país”.
Acrescentou que os próprios governantes
daqueles países sabem que os guineenses não estão preparados para desenvolver o
país.
“Comprar casas em França,
Portugal ou Senegal não é solução.
Porquê que não podemos construir casas
no nosso país? Os nossos governantes devem deixar de guerrinhas políticas senão vamos fazer 100 anos na mesma
situação”, frisou.
Aquele combatente disse
ainda que a má governação do país começou a partir de 14 de novembro de 1980,
sublinhando que no período em que o Luís Cabral era Presidente da República nenhum político tinha ousadia de roubar o dinheiro
do Estado para construir sua casa, ao contrário do que hoje se verifica.
Contou que entrou na luta de
libertação do país com 15 anos de idade, mas sempre era expulso do grupo no
momento da formatura devido o tamanho do seu corpo, porque era uma pessoa fraca
fisicamente.
“Em 1969 entrei em
Ziguinchor onde fui recebido naquela noite pelo Bacar comandante do Lar,
naquela zona e quando ele me viu disse que estou com sorte e no dia seguinte iria partir para Guiné-Conacri. No dia seguinte
perguntaram-me onde é que o meu paí pagava o imposto e eu disse em Bissorã. E
como sou balanta não duvidaram tendo em conta que não falava nenhum dialeto a
não ser balanta”, recordou.
Sanhá disse que fizeram três
dias de caminho para Conacri e foram recebidos no Secretariado do Comité
Central do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC),
acrescentando que antes de Cabral lhes enviar para Madina de Boé trabalharam no armazém de
roupas usadas que eram divididas para diferentes zonas de combate.
Contou ainda que foram
levados por Pedro Pires, o antigo Presidente de Cabo-Verde para Madina Boé, e
que ele e alguns alunos, que se encontravam no internato se ocuparam de transporte de
armamentos para as zonas de guerra.
Disse que não se arrependeu
de ir a luta porque consegue-se a libertação do jugo colonial.
“Cabral nos dizia para não
estragar nada, as coisas que pertenciam aos portugueses vão ficar para nós e não
vão as levar. Tínhamos 83 países amigos que ajudavam na luta de libertação
nacional. Alguém pode te ajudar quando está no momento difícil como estávamos
na guerra, mas quando termina, com certeza aquela ajuda vai diminuir, por isso
não deviam dizer para que os tugas levassem tudo porque virão
de Boé”, disse.
Aquele veterano da guerra
informou que o Amílcar Cabral na altura não permitia que guerrilheiros guineenses
utilizassem muitas armas pesadas que podem danificar casas, acrescentando que,
por isso, ele dizia que a luta que está a ser feita com as armas nas mãos era o
programa mínimo, e a luta de construir o
país seria o programa maior.
“Para construir uma casa é
difícil porque vai precisar de pedreiros, carpinteiros e outros profissionais
de diferentes áreas, mas para destruir é muito fácil. Então não devíamos
permitir que os tugas levassem todos os materiais que tinham na Guiné”, considerou
Ilna Nbana.
Aquele combatente da luta disse
que esse comportamento dos guineenses na altura fez com que os colonialistas
portugueses danificassem muitos equipamentos que não podiam levar, ao contrário
dos cabo-verdianos que recusaram a retirada e danificação de pertenças portuguesas com justificação de que tudo
pertencia ao povo.
Ilna Nbana Sanhá disse que a
população de Tite estava muito contente no dia em que foi proclamado o Estado
da Guiné-Bissau, em Boé porque tinha a esperança de que o país teria uma
governação que vai permitir que a terra seja construída para o bem de todos os
guineenses, o que não veio a acontecer até hoje.
Sublinhou que aos 47 anos da
independência do país nenhum governador ou administrador construir
algo para o
setor, justificando que um comandante que estivesse na luta colonial e veio a
ser um governador ou administrador não pode ter planos para o desenvolvimento
do setor, justificando que não tem capacidade administrativa para desenvolver
nada. ANG/DMG/ÂC//SG
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