Covid-19/ONU diz que mundo está em “fase aguda” e apela para
“maior esforço de sempre”
Bissau, 17 Set 20 (ANG)
– A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta, num relatório divulgado
quarta-feira, que o mundo ainda está na “fase aguda” da pandemia de covid-19,
que é uma “crise humana” e merece o “maior esforço de saúde pública da
história”.
Para esta pandemia, “que é mais do que uma crise de saúde, é uma crise humana que re
velou desigualdades graves e sistémicas”, a ONU quer concentrar os esforços numa resposta a três níveis: na saúde; na adopção de políticas para a salvaguarda de meios de subsistência; e num processo de recuperação inclusivo e “transformador”.“O mundo ainda está na
fase aguda da pandemia. Superá-la requer liderança política sustentada, níveis
de financiamento sem precedentes e solidariedade extraordinária entre os países
e dentro deles”, refere o relatório intitulado “Resposta Abrangente das Nações
Unidas à Covid-19: Salvando Vidas, Protegendo Sociedades e Recuperando Melhor”.
O secretário-geral da
ONU, António Guterres, disse hoje, numa conferência de imprensa virtual, que a
organização quer “trabalhar com todos os países, em todas as áreas”, lamentando
que a semana de alto nível da Assembleia-geral das Nações Unidas, que começa na
próxima segunda-feira, possa vir a ser marcada pelo registo de um milhão de
mortes por covid-19.
No novo relatório, as
Nações Unidas defendem a colaboração global liderada pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) e promove a Aceleradora de Acesso às Ferramentas Covid-19 (ACT,
na sigla em inglês).
A organização incentiva
que todos os países reconheçam a saúde como “um bem público universal” e que
garantam a distribuição de vacinas para a covid-19 para toda a população.
Segundo a OMS, existem 31 candidatas a vacinas em avaliação, das quais, nove em
ensaios clínicos.
António Guterres
mencionou hoje “relatos alarmantes de grandes segmentos da população em alguns
países, indicando sua relutância ou mesmo recusa em tomar uma futura vacina
contra a covid-19”.
No relatório, a ONU
destaca também que, mais do que uma crise sanitária, a doença covid-19 provocou
crises socioeconómicas, humanitárias, de segurança e de direitos humanos.
Numa altura em que a ONU
assinala 75 anos de existência e tem sido criticada por fragilidade e fraqueza,
a organização responde que “o sistema da ONU se mobilizou desde o início [da
pandemia] e de forma abrangente”, tendo fornecido assistência humanitária,
estabelecido “instrumentos para respostas rápidas ao impacto socioeconómico” e
definido “uma ampla agenda política”.
A ONU sustenta que
enviou mais de 180 equipas de emergência médica em todo o mundo e deu formação
a mais de 2,1 milhões de trabalhadores de saúde.
O relatório publicado
hoje faz referência ao Plano de Resposta Humanitária Global, do Escritório para
Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), que inclui os
63 países “mais vulneráveis”, entre os quais se encontram Angola, Brasil, Moçambique,
Timor-Leste, República Centro-Africana e Venezuela.
Segundo a ONU, o Plano
de Resposta Humanitária Global requer 10,3 mil milhões de dólares (8,7 mil
milhões de euros) mas tinha angariado menos de 25% do valor até 03 de Setembro,
com cerca de 2,5 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros).
O Quadro de Resposta
Socioeconómica proposto pela ONU necessita de mil milhões de dólares (845
milhões de euros) e só contava com 6% do valor em 03 de Setembro: cerca de 49
milhões de euros.
No entanto, mais de 80%
do valor total necessário foi angariado para o Plano de Preparação Estratégica
e Resposta à Covid-19. De um total necessário de 1,47 mil milhões de euros, já
foram recebidos mais de 1,2 mil milhões.
A ONU propõe acções
especialmente direccionadas para cada um dos grupos populacionais mais
vulneráveis, onde se encontram migrantes, mulheres, crianças, idosos e pessoas
com deficiências.
Para o futuro,
“orientada pela Agenda de Desenvolvimento Sustentável, a ONU vislumbra um
processo de recuperação (…) abordando a crise climática, as desigualdades, a
exclusão, as lacunas nos sistemas de protecção social e as muitas outras
fragilidades e injustiças que foram expostas”, lê-se no relatório.
O secretário-geral da
ONU voltou a reiterar a importância de um cessar-fogo em todo o mundo, que foi
pedido pela primeira vez em Março, e que já teve adesão de 180 Estados membros
da ONU, mais de 20 grupos armados e mais de 800 organizações civis.
A pandemia de covid-19
já provocou pelo menos 936.095 mortos e mais de 29,6 milhões de casos de
infecção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência
francesa AFP. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário