Costa do Marfim/ONU preocupada com chegada de 3.200 refugiados aos países vizinhos
Bissau, 03 Nov 20 (ANG) – As Nações Unidas
(ONU)
expressaram hoje preocupação com o afluxo de cerca de 3.200 cidadãos
marfinenses aos países vizinhos para fugir à violência que irrompeu no país
após as eleições presidenciais de sábado, boicotadas pela oposição.
Estes refugiados,
“principalmente mulheres e crianças”, chegaram à Libéria, Gana e Togo vindos do
oeste e sudoeste da Costa do Marfim, disse o Alto-Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados (ACNUR) durante uma conferência de imprensa em
Genebra.
“Estes recém-chegados
são por vezes refugiados que tinham sido repatriados recentemente e que foram
forçados a fugir novamente”, disse a agência da ONU.
O maior número – 2.600 –
tem procurado refúgio na Libéria, onde, apenas na segunda-feira, 1.000 pessoas
atravessaram a fronteira com a Costa do Marfim.
Segundo o ACNUR, as comunidades
locais encarregaram-se do seu acolhimento, partilhando os escassos recursos com
os recém-chegados, com os quais têm frequentemente laços linguísticos ou
étnicos.
A agência está a
trabalhar com as autoridades liberianas para registar os refugiados e
fornecer-lhes alimentos.
A situação política e de
segurança na Costa do Marfim continua tensa após as eleições de sábado que
reelegeram o actual chefe de Estado, Alassane Ouattara, para um terceiro
mandato, considerando inconstitucional pela oposição, que não reconhece o
resultado.
Na segunda-feira, a
oposição da Costa do Marfim anunciou um Conselho de Transição, liderado pelo
candidato às eleições e ex-Presidente Henri Konan Bédié, para a formação de um
“Governo de transição” até novas eleições presidenciais, após um fim-de-semana
marcado pela violência.
No domingo, no dia
seguinte às eleições, a oposição tinha apelado uma “transição civil” e à
“mobilização geral dos costa-marfinenses para pôr fim à ditadura e à má gestão
do Presidente cessante”.
Pelo menos nove pessoas
morreram durante o fim-de-semana em numerosos incidentes e confrontos que
afectaram principalmente a metade sul do país.
Antes da votação, cerca
de 30 pessoas tinham morrido em actos de violência pelo país, levantando
receios de uma repetição dos conflitos pós-eleitorais registados há dez anos.
Estima-se que três mil tenham morrido devido à recusa do antigo Presidente Laurent Gbagbo de admitir a derrota face ao sucessor, Alassane Ouattara.ANG/Inforpress/Lusa
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