UE-Presidência/ACNUR pede liderança a
Portugal na questão dos refugiados
Bissau, 12 Jan 21(ANG) – O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) pediu hoje a Portugal que, durante a presidência do Conselho da União Europeia (UE), “mostre liderança” na questão das migrações e “proteja melhor os refugiados na Europa”.
Num documento intitulado
“Recomendações do ACNUR para as presidências portuguesa e eslovena do Conselho
da UE”, a agência da ONU pede aos dois países que “negoceiem uma reforma
sustentável do sistema de asilo” e “forneçam maior apoio aos países e às
regiões onde vivem a maioria dos refugiados”.
Saudando a “direcção”
tomada pela UE aquando da apresentação do Pacto para as Migrações e Asilo pela
Comissão Europeia em Setembro de 2020 – e que se encontra actualmente em
negociações no Conselho da UE -, o responsável do ACNUR para os Assuntos
Europeus, Gonzalo Vargas Llosa, refere que “confia que os Estados-membros irão
aproveitar a oportunidade para liderar pelo exemplo” e salienta o lugar de
Portugal nessas negociações.
“As presidências
europeias de 2021 têm um papel central para facilitar as discussões que irão
criar um caminho para um sistema europeu de asilo comum que proteja as pessoas
que fogem da guerra e de perseguições”, frisa o responsável em comunicado.
Nesse âmbito, a agência
da ONU pede que seja estabelecido um “mecanismo de solidariedade previsível”
entre os diferentes Estados-membros da UE, e frisa a necessidade de se
assegurar “financiamento suficiente e adequado para apoiar programas de
realocação” de refugiados.
Relativamente às
operações de salvamento no Mediterrâneo, a agência da ONU incentiva também
Portugal a “encorajar os Estados-membros a incluírem uma disposição explícita
na lei nacional [de cada Estado-membro] que proíba a criminalização de actores
que levem a cabo operações de resgate e salvamento no mar”.
A agência destaca ainda
que deve ser “promovida uma integração eficiente” dos refugiados no espaço
europeu – através de medidas como a participação de refugiados na implementação
de programas de integração – e exorta Portugal a garantir “o acesso ao
território [europeu] de pessoas que pedem asilo, incluindo aquelas que chegam
irregularmente à UE, em concordância com o direito ao asilo e o princípio de
não reenvio”.
No que se refere à ajuda
aos países em desenvolvimento – onde, segundo a agência, vivem 85% “das 79,5
milhões de pessoas que são forçadas a fugir das suas casas” –, o ACNUR destaca
também a necessidade de “assegurar que o financiamento de deslocamentos
forçados anda de mãos dadas com uma política da UE que promova uma melhor
protecção dos refugiados nos países e regiões de acolhimento”.
Salientando que “espera
que 2021 abra um novo capítulo na protecção dos refugiados”, Gonzalo Vargas
Llosa frisa também que a liderança da UE nesta questão “é mais necessária do
que nunca”.
“Num ambiente global
frágil, uma UE que salva vidas, que protege refugiados na Europa e no mundo, e
que encontra soluções para acabar com deslocamentos forçados e construir
sociedades resilientes, é mais necessária do que nunca”, refere Vargas Llosa. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário