BAD/Presidente
Adesina confia que África vai evitar crise alimentar
Bissau, 24 Mai 22 (ANG)- O presidente do Banco Africano de
Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, mostrou-se hoje (segunda-feira)
confiante de que África vai conseguir evitar a crise alimentar iminente, com o
apoio de um plano de emergência de 1,5 mil milhões de dólares.
Anunciado na sexta-feira à noite, o Plano Africano de Produção
Alimentar de Emergência, promovido pelo BAD e pela Comissão da União Africana,
no valor de 1,5 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) irá
beneficiar 20 milhões de agricultores com sementes e fertilizantes, bem como
outros insumos agrícolas para produzir 38 milhões de toneladas de alimentos, no
valor de 12 mil milhões de dólares (11,2 mil milhões de euros).
Isto incluirá 11 milhões de toneladas de trigo, 18 milhões de
toneladas de milho, seis milhões de toneladas de arroz e 2,5 milhões de
toneladas de soja.
"Podem perguntar-me porque estou tão confiante de que
conseguiremos evitar uma crise alimentar iminente? É porque o nosso plano se
baseia no trabalho incrivelmente bem sucedido do BAD através do seu programa
'Prioridade Estratégica 'Alimentar África'", disse Adesina num encontro
com jornalistas no primeiro dia dos Encontros Anuais do BAD, que decorrem em
Accra até sexta-feira.
Este programa já beneficiou mais de 76 milhões de agricultores com
acesso a tecnologias agrícolas, disse o presidente do BAD, acrescentando que o
banco tem também em curso um programa de tecnologia agrícola "Tecnologias
para a Transformação Agrícola de África" (TTAA).
Adesina elencou alguns exemplos de sucesso deste programa, que
já distribuiu sementes resilientes ao clima a 12 milhões de agricultores em 27
países em apenas dois anos.
Exemplificou com o caso da Etiópia, onde o TTAA financiou o
fornecimento de 61 mil toneladas de sementes de trigo tolerantes ao calor, permitindo
aumentar a extensão de área cultivada de 5.000 hectares em 2018 para 167.000
hectares dois anos depois e para 400.000 hectares este ano.
"O Primeiro-ministro Abiy Ahmed da Etiópia disse-me na
semana passada: 'A Etiópia não importou trigo este ano. No próximo ano vamos
cultivar 2 milhões de hectares e esperamos exportar pelo menos 1,5 a 2 milhões
de toneladas de trigo para o Quénia e o Djibuti no próximo ano'. Simplesmente
incrível".
O Plano Africano de Produção Alimentar de Emergência visa
responder aos desafios que a guerra na Ucrânia provocou em África,
"especialmente em termos dos elevados preços da energia, elevados preços
dos fertilizantes e perturbações nas importações de alimentos", explicou
Adesina.
"Com 30 milhões de toneladas de importações de alimentos,
especialmente trigo e milho, que não chegarão da Rússia e da Ucrânia, África
enfrenta uma crise alimentar iminente", lembrou o banqueiro, para
justificar a iniciativa do BAD.
Para Adesina, "África não precisa de tigelas nas mãos.
África precisa de sementes na terra. África não deve implorar por alimentos,
deve produzir os seus próprios alimentos. Não há dignidade em implorar por
alimentos".
Referindo-se ao tema dos Encontros Anuais em curso,
"Alcançar a Resiliência Climática e uma Transição Energética Justa para
África", o Presidente do Banco lembrou que as alterações climáticas são
uma ameaça sempre presente para África, com secas, inundações e ciclones a
devastarem as economias africanas.
"Nove dos 10 países mais vulneráveis às alterações climáticas
estão em África, (...) a segunda região mais vulnerável às alterações
climáticas do mundo", disse.
Segundo Adesina, África precisa de entre 1,3 e 1,6 biliões de
dólares (1,2 e 1,5 biliões de euros) para lidar com as alterações climáticas
entre 2020 e 2030, mas só recebe 3% dos fundos globais para as alterações
climáticas.
O financiamento climático mobilizado globalmente fica aquém das
necessidades da África em entre 100 e 127 mil milhões de dólares (93 a 119 mil
milhões de euros) por ano entre 2020 e 2030, sublinhou.
"O desafio que enfrentamos é mobilizar mais recursos para
as alterações climáticas em África. Os países desenvolvidos devem cumprir a sua
promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares (93 mil milhões de euros) por
ano em financiamento climático para apoiar os países desenvolvidos",
apelou ainda.
ANG/Angop
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