Haiti/Violências, pilhagens e
manifestações contra o governo
Bissau, 16 Set
22 (ANG) - O Haiti está, desde o passado
fim de semana, à mercê da ira popular depois de o primeiro-ministro, Ariel
Henry, ter anunciado o fim dos subsídios governamentais aos combustíveis,
acarretando desta feita fortes aumentos dos preços dos hidrocarbonetos.
Ao longo da semana, a violência tem subido
de nível, com manifestantes a atacar ontem a sede da televisão nacional em
Port-au-Prince, a capital, cujas instalações só não foram inteiramente
destruídas devido à intervenção da polícia, sem contudo impedir que a emissora
tivesse que interromper a sua difusão.
Indivíduos não identificados atacaram
igualmente a residência de uma dirigente política aliada do governo, sendo que
noutros bairros da capital, a multidão atacou um banco, um dos principais
laboratórios farmacêuticos do país, pilhado empresas privadas e comércios, um
balanço sendo por enquanto impossível de estabelecer.
Noutro ponto do país, mais a norte, na
cidade de Gonaïves, manifestantes esvaziaram por completo as reservas
alimentares das delegações locais da Caritas e do Programa Alimentar Mundial.
Perante esta situação, vários países têm
estado a anunciar o encerramento provisório das suas representações
diplomáticas por motivos de segurança, nomeadamente o México, o Canadá, Espanha
e a vizinha República Dominicana.
A nível interno, a polícia haitiana anunciou
ontem à noite a suspensão de todas as licenças de porte de armas. Uma decisão
que provocou descontentamento em vários sectores da população que enfrenta a
violência constante dos gangues.
A instabilidade política, a criminalidade
e a pobreza galopante têm sido o quotidiano do Haiti que tem visto a sua
situação agravar-se designadamente com a crise da covid, as consequências da
guerra na Ucrânia, mas igualmente as mudanças climáticas. De acordo com um
relatório publicado hoje pela ONG Oxfam, o Haiti faz parte dos dez países mais
expostos à fome aguda resultante das catástrofes climáticas e da seca. ANG/RFI
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