São Tomé e Príncipe-Eleições/ Filipe Nascimento quer quinta maioria absoluta no Príncipe
Bissau, 14 Set 22(ANG) – Filipe Nascimento, filho de pais cabo-verdianos com raízes no concelho da Ribeira Grande, Santo Antão, candidato da UMPP nas eleições regionais de 25 de Setembro, diz estar convicto de que o seu partido alcançará a quinta maioria absoluta consecutiva.
Dezasseis anos depois do
primeiro acto eleitoral livre na região, os naturais da ilha do Príncipe vão
decidir se querem continuar a ser governados pela União para a Mudança e
Progresso do Príncipe (UMPP), no poder há 16 anos, ou pelo MLSTP/PSD, que nunca
venceu uma eleição no Príncipe, e que para esta corrida eleitoral se apresenta
em coligação com o Movimento Verde para o Desenvolvimento do Príncipe (MVDP),
de Nestor Umbelina, um dissidente da UMPP.
Filipe Nascimento, 32
anos, advogado, formado em Portugal, actual presidente do Governo Regional do
Príncipe e líder da UMPP, a quem os críticos acusam de ter recebido o executivo
numa bandeja de prata servida pelo ex-presidente, Tozé Cassandra, tem agora a
oportunidade de testar a sua popularidade na urna.
Em entrevista exclusiva
à Inforpress, no Príncipe, no terceiro dia de campanha para as eleições
regionais de 25 Setembro, Filipe Nascimento apresentou os argumentos com os
quais pretende convencer os habitantes da Região Autónoma do Príncipe a votar
no seu projecto eleitoral.
Os habitantes do
Príncipe, sublinhou, sabem bem o trabalho que foi feito pelo governo nestes
últimos 16 anos, mas o jovem jurista apresenta-se a estas eleições não pelo
passado, mas pelo futuro, pelo que falta fazer e inovar, nas mais diversas
áreas, consolidando, cada vez mais, os indicadores positivos.
“Parto para estas
eleições com a expectativa de uma vez mais, ganhar com a maioria absoluta, para
concretizar os muitos projectos que estão em carteira. A população tem
percebido a nossa vontade, o nosso querer de continuar a transformar o Príncipe
e resolver os problemas estruturantes ligados à condição de uma ilha duplamente
insular”, lançou.
O candidato salientou
que, além deste trabalho, o executivo do Príncipe tudo fará para tentar conseguir
o engajamento do Governo Central de forma mais “colaborativa e interventiva”,
para em conjunto se conseguir resolver as grandes questões.
Uma das principais
prioridades para a ilha do Príncipe, para os próximos quatro anos, pelas
quais Filipe Nascimento vai se bater, será a adopção de medidas para baixar o
custo de vida para os cerca de dez mil habitantes, na sua maioria de
ascendência cabo-verdiana e que vive nas antigas empresas agrícolas em
condições de precariedade.
“As grandes prioridades
para o próximo mandato passam, primeiro, por baixar o custo de vida da
população. Isso passa por um conjunto de medidas, nomeadamente a melhoria do
Porto do Príncipe, tornando-o atracável e a construção de um reservatório de
combustível, como serviço complementar”, especificou.
Filipe Nascimento indica
também como grande objectivo, no sector da saúde, concluir as obras do bloco
operatório do hospital local e a edificação, na capital São Tomé, de uma
residência para acolher os doentes transferidos do Príncipe para tratamento
médico.
O reforço da rede de
postos sanitários comunitários, a criação de um sistema moderno de bolsa de
medicamento, o reforço do quadro médico para atendimento especializado, bem
como promover consultas médicas por teleassistência são outras propostas no
sector para os próximos quatro anos.
Também para o novo
mandato, o candidato da UMPP à presidência do Governo Regional do Príncipe
pretende concretizar o projecto de energias renováveis no Príncipe,
nomeadamente a Barragem Hidroeléctrica do Papagaio, que já conta com parte de
financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a amarração de fibra
óptica à ilha, num financiamento do Banco Mundial.
Relativamente à
educação, Filipe Nascimento garantiu que o Governo não se conformará enquanto não
construir o Liceu Regional, cujo orçamento será suportado, segundo o candidato,
pelas câmaras municipais portuguesas de Amadora, Oeiras e Lisboa.
Ainda no sector da
educação, o executivo da UMPP promete não baixar os braços na capacitação dos
professores, educadores, supervisores e inspectores, bem como no reforço do
ensino técnico e profissional na região.
Filipe Nascimento
defende também “maiores investimentos nos sectores produtivos”, na agricultura,
pecuária e pescas, com a criação de um “plano de intervenção muito intenso”,
apostando no empreendedorismo para fomentar iniciativas que possam gerar
riqueza, rendimento e emprego.
“Vamos reforçar a nossa
intervenção na melhoria de condições para atrair mais e melhores investidores
para fomentar oportunidades do emprego e trabalhamos o turismo de seguimento
ecológico, para continuarmos a diversificar a economia regional”, referiu.
Nas pescas, disse o
líder regional, a ideia passa pela criação de um centro de conservação do
pescado e criação de um estaleiro para fabrico e reparação de embarcação de
pesca e desenvolve condições para a pesca semi-industrial.
O presidente do Governo
Regional considerou que, apesar de os seus dois primeiros anos de mandato terem
sido “difíceis”, a ilha do Príncipe “tem grandes possibilidades de
crescer”, apostando na diversificação da economia e na atração de mais
investimentos, para fomentar o emprego.
Filipe Nascimento, que
lidera o Governo Regional desde 2020, é um jovem quadro natural do Príncipe, de
ascendência cabo-verdiana e formado em Direito em Portugal, que durante vários
anos trabalhou na Câmara Municipal de Oeiras.
Pelo menos 50 candidatos
de origem cabo-verdiana estão na corrida às eleições legislativas, autárquicas
e regionais santomenses de 25 de Setembro.
Mais de 120 mil
eleitores, incluindo a diáspora, estão recenseados para votar nestas
eleições, às quais concorrem dez partidos e uma coligação: Movimento de
Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Ação
Democrática Independente (ADI), Basta, Movimento Democrático Força da
Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento
(UDD), CID-STP, Muda, Partido Novo, Movimento Partido Verde, Partido de Todos
os Santomenses (PTS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido
Socialista/Partido da Unidade Nacional.
As eleições legislativas
elegem 55 deputados à Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe. A ADI foi o
partido mais votado nas eleições de 2018, elegendo 25 deputados, seguida pelo
MLSTP/PSD, que conseguiu 23 assentos.
ANG/Inforpress
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