Rússia/Putin
quer impedir exportação de cereais ucranianos para a Europa
Bissau,
07 Set 22(ANG) – O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que vai falar com o
seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, para exigir que os cereais ucranianos
se dirijam para “os países mais pobres” e não para a Europa.
“Excluindo
a Turquia como mediadora, praticamente todos os cereais que saem da Ucrânia não
vão para os países mais pobres, mas para a Europa”, disse hoje Putin.
O
Presidente russo, que falava durante a sessão parlamentar do VII Fórum
Económico Oriental, em Vladivostok, disse que “apenas dois em 87 navios foram
para países em desenvolvimento. Sessenta mil toneladas de 2 milhões”.
“Vale
a pena pensar em como limitar os destinos de exportação de cereais e outros
alimentos por esta rota. De certeza que falarei sobre isso com o Presidente da
Turquia, (Recep Tayyip] Erdogan”, disse o líder russo.
Na
terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, acusou
o Ocidente de quebrar o acordo internacional de Istambul, ao impedir a
exportação de cereais e fertilizantes russos através do Mar Negro.
“Os
nossos colegas ocidentais não estão a fazer o que nos foi prometido pelo
secretário-geral da ONU [António Guterres]”, disse Lavrov, numa conferência de
imprensa.
O
ministro russo acusou os países ocidentais de se recusarem a tomar medidas para
“levantar sanções logísticas que obstruem o livre acesso aos cereais e aos
fertilizantes (russos) no mercado mundial”.
Lavrov
sublinhou que Moscovo está a trabalhar com a ONU para cumprir integralmente os
acordos alcançados em Julho em Istambul, que criaram um corredor marítimo da
costa ucraniana – que foi bloqueada pelos russos após a invasão na Ucrânia em
24 de Fevereiro – ao Mediterrâneo para a exportação de cereais ucranianos.
O
acordo, selado com a mediação do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan,
pressupunha também o fornecimento de cereais e fertilizantes russos através do
Estreito de Bósforo.
Várias
dezenas de navios com produtos ucranianos partiram dos portos de Odessa,
Chornomorsk e Pivdenny, localizados no Mar Negro.
A
Rússia – que transformou o Mar de Azov num oceano interior ao tomar os portos
ucranianos de Mariupol e Berdyansk – sustenta que a sua capacidade de
exportação é muito maior em relação à da Ucrânia, tornando os seus suprimentos
cruciais para evitar uma crise global de alimentos.
Alguns
países, especialmente os africanos, pediram o levantamento das sanções que
afectam as exportações russas de cereais.
A
ofensiva militar lançada em 24 de Fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a
fuga de quase 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados
internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais
recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na
Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A
invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que
tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de
sanções em todos os sectores, da banca à energia e ao desporto.
Na
guerra, a ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos,
sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no
final do conflito. ANG/Inforpress/Lusa
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