EUA/FMI defende austeridade e reestruturações para evitar crise da dívida em África
Bissau, 02 Out 23 (ANG) - Os técnicos do
Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendam aos países africanos que
implementem uma estratégia abrangente, incluindo austeridade orçamental e
reestruturações da dívida, para evitar preocupações sobre uma crise da dívida
soberana na África subsaariana.
A análise da equipa do FMI mostra que a
maioria dos países na região vai precisar de reduzir os seus défices
orçamentais nos próximos anos; para a média dos países, o nível do ajustamento
será de 2 a 3% do PIB, mas este ajustamento parece exequível dada a experiência
histórica do passado, já que a maioria dos países da África subsaariana
melhoraram o seu défice primário [sem juros da dívida] em 1% ao ano durante
dois a três anos”, escrevem os técnicos do FMI.
Na nota de análise sobre a crise da dívida
pública na África subsaariana, o FMI acrescenta: “Nem todos os países enfrentam
o mesmo desafio; cerca de um quarto das economias da região têm margem
orçamental e podem usá-la para manter e até aumentar os investimentos vitais em
capital humano e físico, mas há alguns países que têm necessidades muito
grandes de ajustamento, e para esses, é pouco provável que a consolidação
orçamental por si só seja suficiente para garantir a sustentabilidade
orçamental, sendo talvez necessário complementar essa política com um reperfilamento
ou reestruturação da dívida”.
A recomendação dos técnicos do FMI surge
num estudo assinado pelos economistas do departamento africano Fabio Comelli,
Peter Kovacs, Jimena Jesus Montoya Villavicêncio, Arthur Sode, António David e
Luc Eyraud, com o título ‘Navegar os desafios orçamentais na África
subsaariana: Estratégias resilientes e âncoras credíveis em águas turbulentas”,
no qual é feito um alerta relativamente à evolução do endividamento dos países
africanos.
“O rácio da dívida face ao PIB na região quase
duplicou em apenas uma década, passando de 30% no final de 2013, para quase 60%
no final de 2022″, alertam, apontando que mais do que a subida da relação entre
a dívida e o PIB, é o custo e a capacidade de pagar que estão em causa.
“Repagar esta dívida também se tornou muito
mais caro”, alertam, acrescentando que “o rácio entre o nível de pagamento dos
juros e o montante das receitas fiscais, uma métrica fundamental para aferir a
capacidade de servir a dívida e prever o risco de uma crise orçamental, mais do
que duplicou desde o princípio da década passada e está agora quase quatro
vezes acima do rácio nas economias avançadas”.
No ano passado, acrescentam os economistas
do FMI, “mais de metade dos países de baixo rendimento na África subsaariana
foram avaliados pelo FMI como estando em elevado risco de, ou já em,
sobre-endividamento (‘debt distress’, no original em inglês)”.
Para evitar uma nova crise da dívida como a
que levou à iniciativa de perdão de dívida para os países altamente
endividados, no início deste milénio, o FMI sugere cinco prioridades:
implementar uma estratégia de políticas de longo prazo, aumentar a receita
fiscal interna, aplicação austeridade orçamental, fortaleçam as instituições e
mobilizem as pessoas, para evitar uma crise da dívida. ANG/Angop
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