Nova Iorque/”Luta contra a mutilação genital feminina está em perigo”, alerta ONU
Bissau, 14 Jun 24 (ANG) - A luta contra a mutilação genital feminina está ameaçada pela prática de enviar raparigas para países que não a proíbem, alertaram hoje as Nações Unidas, apelando à comunidade internacional para reagir contra esta prática.
Segundo o Alto-Comissariado, "esse
fenómeno, difícil de quantificar, afecta particularmente as raparigas que vivem
na Europa ou nos Estados Unidos, muitas vezes durante as férias escolares, mas
outras regiões também são afectadas".
Embora a "mutilação genital feminina
transfronteiriça" sempre tenha existido, um dos factores que agora
favorece esse movimento em África é a diferença de legislação entre os países,
explicou o relatório, sublinhando que a maioria dos países do continente já
criminaliza essa prática.
"A mutilação genital feminina faz
parte de uma violência continuada baseada no género e não tem lugar num mundo
que respeita os direitos humanos", declarou o Alto-Comissário da ONU para
os Direitos Humanos, Volker Türk, num comunicado.
Türk apelou aos Estados para
"garantirem a adopção de uma abordagem global concertada" para
enfrentar as causas e consequências dessa prática, "em particular
harmonizando os seus quadros jurídicos e políticos (...) se quiserem realmente
respeitar os seus compromissos de acabar com esta prática prejudicial em todos
os lugares".
As raparigas são, em alguns casos, levadas
para países que funcionam como "centros transnacionais de mutilação
genital feminina", denunciou a ONU, sem especificar que nações.
Türk também apelou aos países para que
reforcem a recolha de dados, embora enfatize que a natureza clandestina destes
movimentos os torna difíceis de quantificar. As estatísticas são
particularmente deficientes no Médio Oriente e na Ásia.
De acordo com o Fundo de População das
Nações Unidas (UNFPA), mais de 200 milhões de raparigas e mulheres - que ainda
estão vivas - foram submetidas à mutilação genital. Em 2024, estima-se que 4,3
milhões de raparigas estão a correr o risco de serem afectadas.
"Se a prática continuar ao ritmo
actual, estima-se que 68 milhões de raparigas terão sido submetidas à mutilação
genital feminina entre 2015 e 2030", indicou o Alto-Comissariado.
Segundo o relatório, existem 600 mil
mulheres na União Europeia (UE) que foram submetidas à mutilação genital
feminina e 190 mil jovens estão expostas a este risco.ANG/Angop
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