Moçambique/ "Cinquenta e seis mortos
em dois dias de protestos"
Bissau, 26 Dez 24 (ANG) - Pelo menos 56 pessoas
morreram e 152 foram baleadas na sequência da contestação aos resultados das
eleições-gerais moçambicanas que dão vitória ao candidato da Frelimo, Daniel
Chapo.
Os dados foram avançados pela plataforma eleitoral Decide contradizem os números do ministro moçambicano do Interior, Pascoal Ronda, que fala em 21 mortos.
Os dados foram avançados pela plataforma eleitoral Decide -
que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique - em dois dias de
protestos, balanço que contradiz os números avançados pelo ministro moçambicano
do Interior, Pascoal Ronda, que fala em 21 mortos.
“Foram registados
236 actos de violência grave, em todo o território nacional, que tiveram como
consequências 21 óbitos, entre as vítimas estão 2 membros da polícia, 25
feridos, sendo 13 civis e 12 membros da polícia”, disse.
O ministro moçambicano do Interior garante que todos os
envolvidos nos actos de vandalização - infra-estruturas públicas, privadas e
pilhagens em estabelecimentos comerciais, serão responsabilizados.
“Foi aberta uma
investigação rigorosa para identificar não apenas os autores materiais, mas
também os autores morais que organizam os actos violentos”, explica.
Em conferencia de imprensa, o ministro do interior de Moçambique
associa a actual onda de protestos ao terrorismo em Cabo Delgado. Pascoal Ronda
refere que há esquadras que estão a ser assaltadas por indivíduos que roubam
armas de fogo e libertam prisioneiros, alguns dos quais cadastrados.
“O ‘modus operandi’
dessas ações sugere a possibilidade de estarmos perante ataques seletivos
conduzidos por grupo terrorista associado à insurgência em Cabo Delgado. Diante
dessa situação, as FDS irão intervir, pois não podem assistir inocente e
eternamente ao crescimento deste movimento que tende a caracterizar-se como
pleno terrorismo urbano”, disse Pascoal Ronda.
De acordo com a plataforma eleitoral Decide, pelo menos 56
pessoas morreram e 152 foram feridas com armas de fogo, em Moçambique, desde
segunda-feira, na sequência da contestação aos resultados das eleições
gerais moçambicanas.
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou Daniel Chapo,
candidato apoiado Frelimo, como vencedor da eleição a Presidente da República,
com 65,17% dos votos.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane alerta que se
avizinham “dias difíceis” para
os moçambicanos, acrescentando que “ou a gente organiza o nosso país agora ou então nada feito”.
Os resultados das eleições gerais moçambicanas mostram, ainda,
uma grande queda da Renamo, até agora maior partido da oposição. Ossufo Momade,
candidato presidencial da Resistência Nacional Moçambicana, ficou na terceira
posição com 6,62% dos votos. No parlamento, a Renamo passa a ser a terceira
força com 28 deputados.
Ossufo Momade, presidente da Renamo, fala “num retrocesso da democracia”, distancia-se dos resultados anunciados pelo Conselho
Constitucional e promete mobilizar a população para sair à rua pela verdade
eleitoral. Momade voltou a pedir "a anulação deste processo".
O candidato presidencial do MDM, Lutero Simango também não
reconhece os resultados do escrutínio que dão vitória à Frelimo e ao seu
candidato, Daniel Chapo. Simango ressalva que “Moçambique está em crise” e que a “anulação das eleições” “teria sido a decisão mais
acertada” para “um ambiente de paz”.
ANG/RFI
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