Justiça/Liga dos Direitos Humanos promove
debate sobre Justiça na Guiné-Bissau que deve culminar numa “Declaração de
Bissau”
Bissau, 17 Dez 24 (ANG) – A
Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), promove durante todo dia de hoje um Fórum Nacional
sobre a justiça, sob o lema “Justiça ao
alcance de todos”, no âmbito da 11ª edição da quinzena de Direitos.
Segundo os organizadores, o
encontro tem como objetivo influenciar a agenda de atores políticos, sociais e
económicos sobre o atual status quo da justiça, e propor a adopção de pelíticas
públicas que promovam maior acesso à justiça aos cidadãos, sobretudo os mais
vulneráveis.
Na abertura do evento, a 1ªVice-Presidente da
LGDH, Carolina Veigas salientou que o objetivo primordial do encontro é construir um espaço de debate ,reflexão e diálogo ,bem como de soluções para o setor da justiça guineense.
“Um sistema de justiça forte, funcional e independente é condição essencial para o exercício pleno da
cidadania e para a consolidação da democracia, pois permite a garantia do respeito aos direitos
humanos ,sociais e económicos. A justiça é vital para a paz e um contrato
social justo e duradoura “,salientou.
Carolina Veigas acrescentou
que o poder judicial tem um papel
principal na implantação e preservação das instituições democráticas ,frisando
que actualmente existe um poder judicial formalista no país ,cujas as bases
possuem um caracter tradicional ocidental , e uma estrutura burocrática, mas que
se encontra premiada por disfunções.
Segundo ela, a falta de execuções dos
programas e politicas ,a insuficiência de adotação orçamental para o setor da
justiça ,a falta de formação e informação jurídica à população, a insuficiência
de infraestruturas, de recursos humanos e materiais para o funcionamento dos
tribunais e prisões ,a corrupção e a impunidade são, diz Carolina , alguns dos
fatores que dificultam a efetividade das instituições jurisdicionais e que colocam
em causa a preservação dos valores democráticos e da independência do poder
judicial.
Por seu turno, Fodé Mané um
dos oradores do encontro disse que há um retrocesso enorme, em termos de
funcionamento de todo o sistema judicial na Guiné-Bissau ,não só a parte da
magistratura judicial ,mas também em termos da colaboração e operacionalidade .
“Por isso trazemos uma
reflexão que pretende convidar os participantes a verem a justiça como um todo
,uma vez os estrangulamentos que temos se referem a justiça em geral , se não vejamos: temos problemas nos tribunais, com falta de infraestruturas ,do pessoal
,da legislação que estão obsoletos e de as novas legislações não serem
adequadas “,disse.
Para Mané, o problema da
justiça guineense é global e não se pode mexer numa peça para que a situação
seja resolvida ,por isso, diz que é
necessário a pressão de todos para que
haja uma justiça verdadeira e funcional no país.
Durante o todo o dia, os
participantes vindo de todo país irão discutir temas como “Sistema judiciário
guineense :funcionamento e obstáculos; consequência da instrumentalização da
justiça no processo da consolidação da democracia e do estado de direito; sistema da justiça formal, justiça tradicional contradição ou complementaridade “,entre
outros.
No final do fórum os
participantes irão apresentar um documento
denominado de “Declaração de Bissau”.
O encontro
reúne advogados, magistrados,
elementos da sociedade civil, da defesa e segurança e jornalistas e conta com apoio financeiro do Programa das
Nações Unidas para Desenvolvimento(PNUD) e do Projecto Boa Governação
financiado pela União Europeia e Cofinanciado pela Cooperação Portuguesa. ANG/MSC//SG
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