Moçambique/ Trinta e três pessoas morrem durante evasão da cadeia central de Maputo
Bissau, 27 Dez 24 (ANG)-Pelo
menos 33 pessoas morreram nesta terça-feira(25), durante a fuga de mais de 1500
reclusos da cadeia central de Maputo.
As autoridades têm um discurso contraditório quanto aos responsáveis pela evasão da prisão, já Venâncio Mondlane “denuncia um plano macabro da Frelimo” para manipular a população.
O candidato presidencial suportado pelo partido PODEMOS,
Venâncio Mondlane, fala em “manipulação” e
afirma que “foram os guardas que abriram as portas da cadeia”.
Venâncio Mondlane denuncia ainda um plano macabro da
Frelimo, responsabilizando o chefe de Estado Filipe Nyusi e o comandante-geral
da polícia Bernardino Rafael.
“Bernardino
Rafael, o principal responsável disto, é um homem sanguinário, um assassino
frio. Ele é que é responsável disto, juntamente com o comandante em chefe das
Forças Armadas, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi. [Eles]
combinaram isto porque sabiam que, no terreno, estavam a perder espaço para os
manifestantes ”, acusou.
Mais 1500 reclusos
fugiram nesta terça-feira, 25 de Dezembro, da maior prisão de Moçambique, a
Cadeia de máxima segurança de Maputo. As primeiras imagens dos reclusos
nas ruas de Maputo foram emitidas pelas redes sociais. Centenas de
prisioneiros, alguns ainda com algemas, garantiram estar na rua para “salvar o
país”.
O comandante-geral da
polícia de Maputo confirmou a fuga de mais de reclusos, sublinhado que entre os
fugitivos se encontram 29 condenados por crimes de terrorismo. Bernardino
Rafael disse ainda que durante a fuga 33 prisioneiros perderam a visa e 15
ficaram feridos.
“Na confrontação directa com os reclusos, nas
imediações da cadeia central, 33 pessoas morreram e 15 ficaram feridas.
Conseguiu-se deter 150 reclusos”, explicou.
Bernardino Rafael
acusou os manifestantes, que se aproximaram a Cadeia de máxima segurança de
Maputo, de serem os responsáveis pela fuga de prisioneiros.
“Provocou distúrbios dentro do presídio que levaram à queda do muro que
separa outro presídio ao lado, e eles aproveitaram a oportunidade para fugir
pelos portões. Houve um confronto com os companheiros que garantem a
segurança, mas não conseguiram prender os prisioneiros, 1.534 presos
fugiram", notou.
A ministra da
Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Kida, apresentou uma
versão diferentes dos factos, garantindo que a rebelião começou no
interior do estabelecimento prisional.
“Alguma informação dá indicação que houve manifestantes do lado de fora,
não foi essa a situação. A situação foi mesmo dentro do estabelecimento
penitenciário que houve esta agitação”, justificou.
As autoridades
informaram que houve que vários reclusos fugiram da cadeia central da Matola.
UA insta instou Governo e todos os actores políticos a procurarem
uma solução pacífica.
O presidente da
Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, mostrou-se preocupado com a
violência que se vive em Moçambique e apelou às autoridades para "conterem o uso da força" na
manutenção da lei e da ordem. Moussa Faki Mahamat instou o Governo, actores
políticos e sociais nacionais a procurarem uma solução pacífica para resolver a
crise, a fim de se evitar mais perdas de vidas e destruição de propriedades.
O presidente da
Comissão da União Africana reafirmou o compromisso da UA em colaborar com o
Governo moçambicano e as partes interessadas nacionais, bem como com a
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para pôr fim à violência
e salvaguardar a democracia constitucional em Moçambique.
Num novo balanço feito nesta quinta-feira, 26 de Dezembro, a plataforma eleitoral Decide, anunciou que pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de Outubro, metade das quais apenas desde o anúncio dos resultados finais, na segunda-feira, 23 de Dezembro, feito pelo Conselho Constitucional que validou a vitória do candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, nas eleições de 9 de Outubro. ANG/RFI
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