Síria/ Curdos apelam ao fim dos combates e estendem a mão ao novo poder
Bissau, 17 Dez 24 (ANG) - Os
curdos sírios, que controlam uma parte do norde
ste do país, apelaram esta
segunda-feira ao fim dos combates em território sírio e estenderam a mão ao
novo poder, dominado por islamitas, em Damasco.
Num comunicado, lido à imprensa, em Raqqa,
pelo chefe do conselho executivo, Hussein Othman, a administração autónoma
curda pediu "o fim das operações militares em todo o território sírio para
iniciar um diálogo nacional".
A iniciativa surge mais de uma semana após
uma coligação liderada pelo grupo radical islamita Hayat Tahrir al-Sham (HTS)
ter assumido o poder em Damasco, a 08 de Dezembro, após uma ofensiva fulgurante
lançada a partir do norte da Síria.
Simultaneamente, grupos armados pró-turcos
lançaram uma ofensiva contra as forças lideradas pelos curdos no nordeste do
país.
A Turquia, um dos principais intervenientes
no conflito sírio e apoio das novas autoridades, foi um dos primeiros países a
reabrir, no sábado 14 de Dezembro, a sua embaixada em Damasco.
Os curdos sírios são o principal componente
das Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos Estados Unidos, que foram
a linha da frente no combate contra o grupo jihadista Estado Islâmico. A
administração autónoma curda afirmou que "a política de exclusão e
marginalização, que destruiu a Síria, deve terminar" e apelou, ainda, a
"uma reunião urgente em Damasco com a participação das forças políticas
nacionais para unificar os pontos de vista sobre o período de transição".
Em declarações à agência Lusa, o jovem
futebolista sírio Ali Hasan, a residir em Portugal, está “muito feliz” pela
queda do regime de Bashar al-Assad, mas aguarda por estabilidade.
Os meus pais ainda sentem um bocado de
desconfiança, porque não sabemos quando é que o presidente [Bashar al-Assad]
pode voltar, porque se ele voltar, as coisas vão piorar.
Os meus pais estão muito contentes, estão sempre
a ligar para os meus familiares. Os meus avós e as minhas tias estão ainda
morando na Síria.
Eu e a minha família tivemos que fugir. Sou
de uma etnia de curdos. Os curdos normalmente não são muito bem-vindos em
países à volta da Síria. A minha família teve que improvisar e tive que
fugir.
Ainda tivemos uma conversa no fim-de-semana e
os meus pais disseram: Olha, temos que preparar as malas, vamos voltar para a
Síria! Mas eles também adoram cá estar [em Portugal].
Espero que, no futuro, a Síria se recupere.
Espero que a minha família consiga sobreviver a este caos todo. Quero muito
visitar a minha terra, a minha cidade natal. Já não estou lá há mais de 10
anos.
Ali Hasan, de 18 anos, chegou a Portugal em
2016, depois de três anos refugiado na Turquia e um na Grécia. As únicas
memórias que tem da Síria são as dos seus familiares, curdos, etnia perseguida
por Bashar al-Assad e também pelos regimes vizinhos da Turquia, Irão e Iraque.
Em Portugal, Ali Hasan e a família foram acolhidos em Guimarães. O actual atleta do União Desportiva de Polvoreira, dos distritais de Braga.ANG/RFI
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