Portugal/Amnistia Internacional denuncia maus tratos a presos ucranianos pela Rússia
Bissau, 05 Mar 25 (ANG) – A Amnistia Internacional publicou nesta terça-feira um relatório intitulado "Um silêncio ensurdecedor: Ucranianos mantidos incontactáveis, desparecidos à força e torturados em cativeiro russo".
Esta organização não
governamental baseou-se em entrevistas de mais de 100 pessoas detidas na
Ucrânia, entre Janeiro e Novembro de 2024. A Amnistia alega ser provável que
milhares de ucranianos, militares e civis, estejam detidos em cativeiro na
Rússia e na Ucrânia ocupada.
A incomunicabilidade seria uma arma usada
pela Rússia na guerra que leva a cabo na Ucrânia, à revelia do direito
internacional, para condenar os presos ao esquecimento dos seus entes queridos,
nomeadamente.
Miguel Marujo, director de
comunicação da ong Amnistia Internacional em Portugal,
resumiu à RFI os dados apurados e a metodologia usada para a
elaboração deste relatório.
"Aquilo
que, basicamente, a Amnistia concluiu, com este novo relatório, é que as
autoridades russas submeteram prisioneiros de guerra ucranianos e civis cativos
a tortura, detenção prolongada, em regime sem comunicação, um desaparecimento
forçado e outros tratamentos desumanos que constituem crimes de guerra e crimes
contra a humanidade.
No relatório, aquilo que é documentado é o
modo como os prisioneiros de guerra e os civis ucranianos são mantidos em
cativeiro pela Rússia desde Fevereiro de 2022 e estão a ser deliberadamente
isolados no mundo exterior, muitas vezes durante anos.
E a falta de transparência sobre o seu
paradeiro tem permitido que a tortura e outros maus tratos durante a detenção e
até mesmo os assassinatos ilegais de prisioneiros de guerra continuem com total
impunidade.
No caso da detenção sistémica, num regime em
que não há qualquer comunicação por parte dos prisioneiros de guerra e de civis
ucranianos mantidos em cativeiro por parte da Rússia, reflecte uma política
deliberada destinada a desumanizá-los e a silenciá-los, deixando também as suas
famílias em agonia, à espera de notícias sobre os seus familiares.
E a tortura tem tido lugar em completo
isolamento do mundo exterior, estando as vítimas inteiramente à mercê dos seus
captores para sobreviverem. E não se trata de uma série de incidentes isolados.
Aquilo que a Amnistia constatou é que é uma política sistemática que viola
todos os princípios de direito internacional.
Este relatório baseia-se em entrevistas em que foram ouvidas mais de 100 pessoas na Ucrânia, entre Janeiro e Novembro do ano passado, e estas pessoas ouvidas incluíram cinco antigos prisioneiros de guerra ucranianos, familiares de outros 38 prisioneiros de guerra, familiares também de 23 ucranianos que estão desaparecidos actualmente em circunstâncias especiais e 28 civis que estiveram também antes detidos e as respetivas famílias, para além de 10 prisioneiros de guerra russos que estão actualmente detidos na Ucrânia." ANG/RFI
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