Seis países
pedem ao TPI que investigue crimes contra a humanidade
Bissau,27 Set 18 (ANG) – Seis países do continente americano
solicitaram na quarta-feira ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que
investigue alegados crimes contra a humanidade cometidos pelo Governo
venezuelano.
O pedido foi assinado pela Argentina, Canadá, Chile, Colômbia,
Peru e Paraguai, num ato que teve lugar em Nova Iorque, por ocasião da
Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas.
O pedido de investigação faz referência a “circunstâncias
pertinentes que motivam a remissão da situação na Venezuela” e que engloba
“assassínios, detenções ou privações grave da liberdade física, tortura,
violação, perseguição”.
Por outro lado, destaca-se o “uso e abuso da força nas operações
de segurança não relacionadas com protestos, a prática reiterada das detenções
arbitrárias, da tortura e os maus-tratos”, bem como a violação do direito a
beneficiar de cuidados de saúde e de uma alimentação adequada.
A acompanhar o pedido está o relatório da Organização de Estados
Americanos (OEA), com base em audições públicas realizadas na sede daquele
organismo.
“Numa análise de painel de peritos, figura uma avaliação
detalhada” sobre os crimes contra a humanidade na Venezuela, “a partir de
ataques generalizados ou sistemáticos contra uma parte da população civil desse
país, constituída pela oposição ao Governo do Presidente Nicolás Maduro”,
refere o documento.
“Um aspecto particularmente dramático é dado pela realização de
detenções arbitrárias, assassínios, execuções extrajudiciais, torturas, abusos
sexuais e violações, atentados flagrantes contra o devido processo, em prejuízo
de pessoas de ambos sexos, alguns dos quais seriam inclusive menores de idade”,
pode ler-se no pedido.
Por outro lado, sugere-se uma alegada “acção sistemática” contra
jovens do sexo masculino, entre os 15 e os 30 anos, detidos ou retirados das
suas casas sem qualquer justificação, “para acusá-los de actos que não tinham
cometido ou assassiná-los”, argumentando que tinham resistido.
Estas “acções gerais ou sistemáticas” resultam de planos de
segurança “desenhados pelo Governo do Presidente Nicolás Maduro, e o
envolvimento não apenas de forças de ordem do Estado, mas de organizações e
grupos de pessoas afins ao Governo que não integram as ditas forças, mas actuam
de maneira coordenada com estas, como parte de uma política de Estado contra a
oposição”, afirma-se.
Os seis países que solicitam a investigação sublinham que a
Venezuela não permitiu que o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas
para os Direitos Humanos tivesse acesso ao território venezuelano. ANG/Inforpress/Lusa
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