Parlamento britânico vota nova proposta para eleições antecipadas
Bissau, 09 set 19 (ANG) - O
primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, tenta nesta segunda-feira
(9), convencer os parlamentares do país a aprovarem a realização de eleições
antecipadas em 15 de outubro.
Esta é a segunda vez em
menos de uma semana que o primeiro-ministro faz esta proposta ao Parlamento,
depois que a casa aprovou um projeto de lei que determina que o líder deve
pedir à União Europeia uma extensão do prazo oficial para o Brexit, de 31 de
outubro para 31 de janeiro de 2020.
Na última quarta-feira
(4), praticamente toda a bancada do principal partido da oposição, o Trabalhista,
se absteve do voto , derrotando Johnson, que precisa da aprovação por pelo
menos dois terços do Parlamento para convocar eleições antecipadas. Nesta
segunda-feira, espera-se que, entre trabalhistas, liberais-democratas, verdes,
nacionalistas da Escócia e do País de Gales, parlamentares independentes
e membros do próprio partido governista - o Conservador -, a maioria
parlamentar volte a bloquear os planos do primeiro-ministro.
Na tentativa de obter mais
apoio para a votação desta segunda-feira, Johnson se reuniu pela manhã com o
primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, com quem discutiu novas garantias
para o futuro da fronteira entre os dois países. Esse é um dos pontos mais
polêmicos do Brexit e um dos motivos pelo qual a ex-premiê Theresa May não
conseguiu a aprovação parlamentar para o acordo que ela fechou com a União
Europeia.
Segundo analistas, a
convocação de eleições antecipadas parece inevitável para Boris Johnson,
que, em apenas uma semana, sofreu sucessivas derrotas no Parlamento, perdeu
a maioria parlamentar e teve de aceitar a renúncia de dois importantes aliados:
a ministra do Bem-Estar Social, Amber Rudd, e seu próprio irmão, Jo Johnson,
ministro das Universidades.
Ambos discordaram da
decisão do primeiro-ministro de expulsar do Partido Conservador 21
parlamentares que votaram contra a extensão do prazo para o Brexit.
Pesquisas de opinião
indicam que se houvesse uma eleição hoje, o partido de Johnson, o Conservador,
sairia vencedor, com 35% dos votos, contra 21% para os Trabalhistas e 19% para
os Liberais-Democratas. Analistas políticos acreditam que a estratégia do
primeiro-ministro é vencer as eleições em 15 de outubro, garantir um apoio do
novo Parlamento para sair sem acordo, que é o que acha melhor para o país, e no
dia 31 de outubro, deixar a União Europeia sem olhar para trás.
É por isso que a oposição
não quer que as eleições sejam realizadas agora, mas sim depois que houver
garantias de que o Reino Unido terá até 31 de janeiro para negociar o Brexit
com o bloco europeu e, em hipótese alguma, sair sem nenhum tipo de acordo.
Nesta segunda-feira, a
rainha Elizabeth II também deve ratificar a nova lei que determina que o
Boris Johnson deve solicitar à União Europeia uma extensão do prazo para sair
do bloco. Mas por enquanto, o maior risco para esta esta lei não ser cumprida é
o próprio primeiro-ministro. Em um discurso na semana passada, ele disse que
prefere “morrer na sarjeta” do que pedir aos europeus mais tempo para negociar
o Brexit.
A preocupação é tanta que
os líderes dos partidos de oposição já estão consultando advogados para entrar
na Justiça contra Johnson, caso ele se recuse a cumprir a lei.
Durante o fim de semana,
no entanto, ministros próximos a ele declararam que o premiê não vai
desrespeitar a lei, mas vai tentar ao máximo encontrar brechas legais no texto
e tentar evitar a extensão.
Seja qual for a atitude de
Johnson, a decisão final sobre uma possível prorrogação do prazo ainda cabe aos
demais 27 países da União Europeia. Basta apenas o veto de um deles para
que o Reino Unido tenha mesmo que sair no dia 31 de outubro.. No domingo, houve
rumores de que o presidente francês, Emmanuel Macron, estaria disposto a
exercer esse veto, mas nada foi confirmado.
A agitada segunda-feira
conta ainda com um debate no Parlamento de uma petição assinada por mais de 1,7
milhão de cidadãos britânicos pedindo que a casa não aceite a suspensão de
cinco semanas - imposta por Boris Johnson, e que está prevista para ocorrer
ainda esta semana. Na semana passada, duas cortes judiciais decidiram que a
suspensão não é ilegal.
É por causa dessa
perspectiva de suspensão que os membros da casa estão apressando todas as
votações relativas ao Brexit e assim evitar que o país saia da União Europeia
em 31 de outubro sem nenhum acordo com o bloco. ANG/RFI
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