Cerca de 50
milhões de pessoas ameaçadas de fome na África austral
Bissau,
17 jan 20 (ANG) - Um número recorde
de 45 milhões de pessoas se encontram sob a ameaça de fome na África Austral devido à seca, inundações e dificuldades
económicas, adverte o Programa Alimentar Mundial.
De acordo com a
delegação do PAM na África austral, nesta região que conhece uma seca severa há
cinco anos, o aquecimento climático e fenómenos extremos como os ciclones Idai
e Kenneth são outros dos factores agravantes para a insegurança alimentar das
populações locais.
"A situação este ano na África
Austral é muito complicada" considerou Lola Castro, chefe regional do
Programa Alimentar Mundial referindo que "tudo isto é devido
maioritariamente à seca", sendo que de acordo com esta responsável
"nos últimos cinco anos, a região só teve um ano de boas colheitas".
Ainda segundo dados do PAM, na África
austral as temperaturas têm estado a aumentar duas vezes mais do que no resto
do globo, esta organização onusiana antevendo para 2020 um novo ano de estiagem
com fracas colheitas.
Para Lola Castro "as previsões para
este ano não são muito boas porque as chuvas são muito irregulares" e, por
outro lado, "ainda não começou verdadeiramente com força o período dos
ciclones e os números (de pessoas afectadas) lamentavelmente vão
aumentar".
Ao destacar o trabalho efectuado pelo PAM
com os governos e as comunidades locais dos países mais vulneráveis e em
particular aqueles que foram afectados no ano passado pelos ciclones Kenneth e
Idai, Lola Castro refere que "em cada ano, estas catástrofes são muito
mais frequentes e muito mais importantes", esta responsável considerando
que "o que se viu no ano passado nesta região não tinha sido visto nunca
no hemisfério sul, foi terrível".
Na óptica do PAM, o país cuja situação é
mais preocupante é o Zimbábue onde se estima que metade da população, perto de
8 milhões de pessoas, esteja exposta ao risco de morrer de fome.
Ao indicar que esta situação se deve não
só às condições climáticas como também à crise económica atravessada há largos
anos por este país, Lola Castro refere que a sua organização só terá a
possibilidade de prestar assistência a 4,5 milhões de pessoas naquele país,
devido essencialmente à falta de financiamentos.
O PAM considera ainda que a situação de
Moçambique é o segundo maior foco de preocupação, Lola Castro referindo que
este ano a sua organização apenas poderá apoiar 1,2 milhões de pessoas, sendo
que de acordo com as suas estimativas "os números de afectados são
maiores".
Ainda na África austral, a responsável
local do PAM destaca a insegurança alimentar vivenciada por um pouco mais de um
milhão de pessoas na Zâmbia e cerca de 800 mil em Madagáscar.
Perante este panorama em que Programa
Alimentar Mundial refere pretender apoiar 8,3 milhões de pessoas na África
Austral, o PAM reiterou o seu apelo urgente à mobilização da comunidade
internacional e dos doadores, para alcançar os 489 milhões de dólares
necessários ao financiamento da ajuda de emergência.
Ao referir precisar ainda obter cerca de
287 milhões de dólares do valor total sob pena de se verificar "um aumento
da malnutrição muito grave que pode afectar estes países por muitos anos"
a responsável da delegação do PAM na África Austral considera ainda ser
necessário um trabalho colectivo de prevenção face às mudanças climáticas,
porque "é uma situação que é crónica e temos que trabalhar juntos para os
países da região poderem proteger-se e adaptar-se a todas estas mudanças"
conclui Lola Castro. ANG/RFI
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