Covid-19/ Mais de 10 mil profissionais de saúde infectados em África
Bissau,24 Jul 20(ANG) - Mais de
10.000 profissionais de saúde na região africana estão infectados com a
covid-19, revelou quinta-feira a directora regional da Organização Mundial de
Saúde (OMS) para África, noticiou a Lusa.
Matshidiso Moeti falava no encontro
online com especialistas em saúde sobre a pandemia de covid-19, hoje dedicado à
forma como os profissionais de saúde estão a ser atingidos pela doença.
Até ao momento, e apesar de a OMS
reconhecer dificuldades no registo de profissionais de saúde afetados, estão
notificados mais de 10.000 trabalhadores de saúde que foram infetados com o
novo coronavírus.
Sobre estes profissionais, Moeti disse
que é preciso saber, cada vez com mais rigor, como estão a ser tratados os que
tratam dos outros.
“Os trabalhadores da saúde receiam levar
o vírus para casa, sofrem pressões psicossociais por trabalharem 24 horas por
dia e, em algumas comunidades, enfrentam o estigma e a discriminação”, disse.
De acordo com esta responsável da OMS
para a região africana, neste continente um dos maiores desafios na proteção
dos trabalhadores da saúde tem sido a escassez global de equipamento de
proteção individual (EPI).
Isso mesmo corroborou Jemima
Dennis-Antwi, uma especialista internacional em saúde materna e obstetrícia,
oriunda do Gana, para quem “é altura das autoridades se aperceberem que
qualquer paciente é um potencial infectado com covid-19”.
Para esta médica, os fatos de proteção
individual são um verdadeiro desafio para os profissionais de saúde, não só
pelas dificuldades que o seu uso acarreta, como também ao nível do acesso a
este material.
No Ghana, que contabiliza 28.989
infectados e 153 mortos, os profissionais de saúde com a covid-19 ascendem aos
2.000, disse.
“Os profissionais têm de proteger os
doentes, a eles próprios, e aos seus familiares”, prosseguiu, alertando para os
riscos que o confinamento aumentou ao nível da violência doméstica e também no
controlo das doenças crónicas.
Individualmente, defendeu, a aposta tem
de continuar a ser na aplicação dos protocolos de prevenção, como lavar as mãos
com regularidade.
A ministra da Saúde do Burkina Faso,
Leonie Claudine Lougue, que participou igualmente neste encontro online,
sublinhou o “papel fundamental dos profissionais de saúde no combate à doença”
desde que os primeiros casos foram registados neste país, a 09 Março.
“Desde então, a segurança dos
profissionais de saúde passou a ser uma prioridade” para o Governo do Burkina
Faso, país com 1.065 infetados e 53 mortos devido à covid-19.
Por seu lado, o ministro da Saúde e da
População da Serra Leoa, Alpha Wurie, mostrou-se confiante na recuperação dos
infectados e explicou a importância das lições que o combate ao vírus do Ébola
para a luta contra o novo coronavírus.
Este país sofreu um surto de Ébola entre
2014 e 2016 e registou os primeiros casos de covid-19 relativamente mais tarde
que muitos outros países: a 31 de março. Actualmente contabiliza 1.727 casos e
66 mortos.
Segundo Alpha Wurie, os profissionais de
saúde naquele país estão a ser alvo de grande cuidado, mas seis já morreram
devido à covid-19.
Tal como nos encontros anteriores sobre
a pandemia em África, Matshidiso Moeti defendeu uma frente comum contra a
doença, apelando à solidariedade para com os países com menos meios.
Segundo afirmou, a OMS está a seguir a
oferta de material de prevenção que está a chegar ao continente, como máscaras
e factos, e reiterou o comprometimento para que seja devidamente distribuído e
utilizado.
Segundo Matshidiso Moeti, “a diáspora
africana tem estado significativamente envolvida em ajudar a divulgar
informação, formação e a melhorar as competências. Mobilizaram também apoio
para a resposta na região”, disse.
A pandemia da doença provocada pelo novo
coronavírus já provocou a morte a mais de 627 mil pessoas e infectou mais de
15,2 milhões em todo o mundo, de acordo com o último balanço feito pela Agência
France-Presse (AFP).
Em África, foram infectadas 771.160
pessoas e 16.432 morreram devido à doença.ANG/Angop
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