Guiné-Conacri/Militares golpistas convocam antigos ministros para reunião “obrigatória”
Bissau, 06 Set 21(ANG) – Os líderes do golpe de Estado militar na Guiné-Conacri convocaram hoje ministros e presidentes das instituições dissolvidas para uma reunião e avisaram que qualquer falta será considerada como um ato de “rebelião” contra a junta militar no poder.
A
reunião foi marcada para as 11 horas (locais e TMG) no parlamento em Conacri e
espera-se que no seu final os golpistas, que capturaram o Presidente Alpha
Condé e dissolveram as instituições de Estado do país no passado domingo,
revelem como pretendem dar continuidade a um golpe amplamente condenado pela comunidade
internacional.
As
forças especiais guineenses, lideradas pelo seu comandante, tenente-coronel
Mamady Doumbouya, dizem ter capturado o chefe de Estado para pôr fim à “má
gestão financeira, à pobreza e à corrupção endémica”, e ainda “à
instrumentalização da justiça (e) ao atropelo dos direitos dos cidadãos”.
Ao
colocar a nação da África ocidental de novo sob domínio militar, pela primeira
vez em mais de uma década, a junta informou que os governadores provinciais do
país seriam substituídos por comandantes regionais.
Foi
instituído um recolher obrigatório nocturno, e a constituição do país e a
Assembleia Nacional foram ambas dissolvidas.
A
junta militar recusou-se a revelar quando pretende libertar Conde, mas garantiu
que o Presidente deposto, com 83 anos, tem acesso a cuidados médicos e aos seus
médicos.
A
CEDEAO apelou à libertação imediata de Alpha Condé e ameaçou impor sanções, se
esta exigência não vier a ser satisfeita.
Imagens
de Conde num vídeo divulgado pelos golpistas mostram-no calmo, em calças de
ganga e camisa, sentado num sofá. Os golpistas asseguraram que se encontra de
boa saúde e está a ser “bem tratado”.
Mamady
Doumbouya anunciou num vídeo divulgado após o golpe a criação de um “Comité
Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento”, com o objectivo de “iniciar uma
consulta nacional para abrir uma transição inclusiva e pacífica”.
A
alegada tentativa de golpe de Estado foi já condenada pela Comunidade Económica
de Estados da África Ocidental (CEDEAO), que exigiu também a “imediata” e
“incondicional” libertação do Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, e o
mesmo fez a União Africana e também a França.
O
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também já condenou
“qualquer tomada de poder pela força das armas”.
Guterres
apelou ainda, numa publicação no Twitter, “à libertação imediata do Presidente
Alpha Condé” e disse que está a seguir a situação na Guiné-Conacri “de muito
perto”.
A
Guiné-Conacri, país da África Ocidental que faz fronteira com a Guiné-Bissau e
é um dos mais pobres do mundo e enfrenta, nos últimos meses, uma crise política
e económica, agravada pela pandemia de covid-19.
A
candidatura do Presidente Alpha Condé a um terceiro mandato, considerado
inconstitucional pela oposição, em 18 de Outubro de 2020, gerou meses de tensão
que resultou em dezenas de mortes.
A
eleição foi precedida e seguida da detenção de dezenas de opositores.
Vários
defensores dos direitos humanos criticam a tendência autoritária observada
durante os últimos anos na presidência de Condé e questionam as conquistas do
início da sua governação.
Condé,
um ex-opositor histórico, preso e até condenado à morte, tornou-se, em 2010, no
primeiro Presidente eleito democraticamente no país.ANG/Inforpress/Lusa
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